tempo? Neste instante, interveio uma de olhos negros como os raros cristais da Salmônia e com seu corpo, sua flauta e seus cabelos, voou para pegar com os dedos livres, cada resto de cor que jazia nas cordas. Eram duas a tirar as cores das cordas, Nuas. A noite levou os aprendizes e seus martelos para além das bigornas reluzentes, e se podia cantar. Aiabá concordou e ouviu o poeta que dizia: - eu sou limalha em plena vida. Desejo apenas a insensatez, no me é dado participar de tua falsa segurança, nem quereria eu correr tal risco. - Sim, és um louco! – disse-lhe Aiabá. Mas, Quem te julgará, Se os autos do teu processo ainda no foram lavrados? - Pobre diabo! Que a justiça te seja cega e desejará mil vezes ter sido condenado. E Aiabá visitou mais uma vez o cenário em que tudo começou. Ali, bem ali, onde o sol penetra entre as colunas e incendeia as pedras do cho. Sobre o mar, duas ou trs nadas sopram as espumas das ondas. O sol está bem alto, na praia ouve-se o vento e v-se as pegadas que no levam a lugar algum. Entardeceu: a noite explodia sobre sua cabeça como um balo de gás e espirrava confetes maduros em sua roupa de domingo. Naquele tempo ainda se podia andar pelas ruas sem despertar a cólera dos homens da noite. Um guarda noturno vigiava as fortalezas decadentes e apitava para merecer suas migalhas postas s portas: um pouco de vinho, dinheiro e as nozes recusadas por alguma criança. Por algum tempo, deixou seu pensamento voar em meio s impresses daquela noite. Revirar as pedras e andar pelas ruas para celebrar a Katharsis enquanto as Bacantes erguem-se dos bancos de pedra beira dos igarapés, douradas e sonolentas a reclamar cada uma sua maneira, suas porçes de paraíso, suas noites de sonhos. Alguém declamava: - Ah! Viajante maldito. Jamais podero acorrentar-te a esta nau que conduz a todos por caminhos conhecidos, tua carroça é a minha. Ei-la deriva, disparada pelos campos, cidades, vilas, rios que no te prendem em seus leitos de argila. Solta estas rédeas, atira-as ao vento e grita para que te ouçam: eu possuo o tempo bem aqui na minha mo. Ah! Vrmia maldito, no te conhecem nem conhecero antes do tempo. As lâmpadas dos velhos postes de madeira iluminavam aqui e ali, luz métrica e volátil como os capinzais das orlas das estradas e lá está ele, quando ressoa pelos quatro cantos: Creia-me, tua imagem, eu a vi projetada ainda ontem, como uma