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Fundamentos Econômicos e Tecnológicos do Bitcoin (com notas)

Fundamentos Econômicos e Tecnológicos do Bitcoin (com notas)

Slides feitos para apresentação 1º Workshop Bitcoin para Programadores do projeto Blockchain Hub promovido pelo ITS Rio.

Nesta apresentação fazemos uma introdução aos conceitos econômicos e tecnológicos que dão base ao Bitcoin como dinheiro. Para isso mostramos motivos que dão à luz o Bitcoin, listamos peças fundamentais do protocolo para que ele possa ser usado como dinheiro e deixamos claro que o Bitcoin não é uma tecnologia criada num vácuo "do nada".

Link para o evento (passado): http://itsrio.org/2016/07/06/1o-workshop-do-blockchain-hub/

// notas sobre o conteúdo foram mantidas no documento para melhor estudo dos participantes após o evento.

blocozero

July 18, 2016
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Transcript

  1. MARCO AGNER Bitcoin, Privacidade e Segurança da Informação PATRÍCIA ESTEVÃO

    Design de UX e Informação blocozero.com SOMOS patestevao.com agner.io
  2. QUAL A DIFERENÇA ENTRE O BITCOIN E O DINHEIRO DO

    GOVERNO QUE NÓS ESTAMOS ACOSTUMADOS A LIDAR?
  3. QUAL A DIFERENÇA ENTRE O BITCOIN E O DINHEIRO DO

    GOVERNO QUE NÓS ESTAMOS ACOSTUMADOS A LIDAR? DIGITAL? A primeira coisa que vem na nossa cabeça é o fato do Bitcoin ser digital
  4. QUAL A DIFERENÇA ENTRE O BITCOIN E O DINHEIRO DO

    GOVERNO QUE NÓS ESTAMOS ACOSTUMADOS A LIDAR? DIGITAL? APENAS CERCA DE 8% DO DINHEIRO MUNDIAL EXISTE EM FORMA DE NOTAS FÍSICAS * * Ed Grabianowski "How Currency Works" 2 September 2003. HowStuffWorks.com. <http:// money.howstuffworks.com/currency.htm> 17 July 2016 mas a verdade é que o nosso dinheiro do dia-a-dia é praticamente todo digital, notas de papel são quase uma exceção.
  5. QUAL A DIFERENÇA ENTRE O BITCOIN E O DINHEIRO DO

    GOVERNO QUE NÓS ESTAMOS ACOSTUMADOS A LIDAR? DESCENTRALIZADO A grande diferença do Bitcoin é que ele é descentralizado de forma fundamental desde a sua concepção. E desta característica advém a maior proposta de valor desta moeda…
  6. “THE TIMES 03/JAN/2009 CHANCELLOR ON BRINK OF SECOND BAILOUT FOR

    BANKS.” Satoshi Nakamoto, Bloco Gênesis. Esta frase, presente no primeiro bloco minerado na rede por Satoshi Nakamoto não está aí por acaso. Ela traz consigo a prova da data mínima em que a rede do Bitcoin foi iniciada por conter uma das manchetes da capa do The Times… Isso, junto com uma mensagem de forte significado; uma crítica ao sistema que o Bitcoin se propõe a alterar e, para todos os efeitos, tornar obsoleto.
  7. DESCENTRALIZAÇÃO ▸ Forte resistência à censura ▸ Poder do indivíduo

    sobre o próprio dinheiro Diferente deste sistema atual dominado por grandes instituições financeiras e governos que, na maioria das vezes, não respondem por seus maiores crimes; A descentralização do Bitcoin traz como vantagens mais práticas a forte resistência à censura e o poder do indivíduo sobre o dinheiro fruto de sua própria visão e trabalho. Vamos à algumas situações concretas:
  8. Feriados bancários Inflação Taxas Impostos GOVERNOS Governos causam ou muito

    contribuem para crises e, muitas vezes, punem os cidadãos pelo simples fato de terem poder sobre todo o sistema financeiro em que a maioria destas pessoas confia o próprio dinheiro… por meio de congelamentos bancários - também chamado de feriado bancário - desvalorização da moeda por meio de inflação, aumento de taxas e impostos sobre movimentações financeiras e todas outras formas “criativas” que os planejadores centrais conseguem pensar para fazer o elo mais fraco, o cidadão comum, pagar as contas.
  9. Pseudônimos Lucro dos mineradores Mudanças de protocolo bem pensadas RESISTÊNCIA

    À CENSURA O Bitcoin em seu modelo apresenta incentivos e barreiras para que os participantes do sistema ajam de forma a lutar contra a censura na rede. Primeiramente, por utilizar apenas pseudônimos, depois por acoplar diretamente o lucro dos processadores das transações - os mineradores - ao valor de troca dos tokens da rede, desincentivando, assim, condutas prejudiciais aos usuários por parte dos mineradores, além de outras peculiaridades como a grande dificuldade de fazer mudanças no protocolo que não representem melhorias com alto grau de aceitação pela rede como um todo.
  10. Um dos exemplos mais famosos do benefício desta resistência à

    censura foi a continuidade das operações da Wikileaks ao ter seus meios de recebimento de doação por cartões de créditos e PayPal bloqueados e, também utilizado em parte na continuação das operações do Uber na Argentina mais recentemente.
  11. Criptografia de chave pública PODER SOBRE O PRÓPRIO DINHEIRO O

    poder sobre o próprio dinheiro vem do fato de que o Bitcoin utiliza de uma propriedade peculiar da Criptografia de chave pública que permite que o controle de uma certa quantia financeira possa ser controlada única e exclusivamente por quem possua a chave privada ligada aos fundos. Isto é, o controle é do indivíduo ou de algum outro agente que ele ativamente ESCOLHA confiar, podendo, fazer a escolha pragmática e já real de separar esta confiança de forma que se sinta seguro. A palavra-chave é escolha.
  12. No caso do sistema financeiro estatal, uma vez que o

    banco congelou seu dinheiro, como no ocorrido a poucos anos no Chipre e já antes ocorrido no Brasil, não há muito que você, realisticamente, possa fazer contra isso. Enquanto no Bitcoin, se você tem as suas chaves privadas seguras não há ninguém que possa te privar de ter acesso a estes fundos; muito menos de forma extremamente centralizada como hoje em dia.
  13. PODER SOBRE O PRÓPRIO DINHEIRO DESAFIOS TÉCNICOS E DE USABILIDADE

    PARA MELHORAR A SEGURANÇA Este mesmo poder traz um certo nível de responsabilidade e desafios técnicos que estão constantemente avançando e sendo resolvidos para que o risco diminua mais e mais a ponto da tecnologia desta forma de dinheiro se tornar cada vez mais acessível a diversos tipos de pessoas e casos de uso pelo mundo. O fato de meus bitcoins estarem totalmente sob o meu controle também significa que, se eu perdê-los, não há ninguém para eu correr e pedir ajuda, não há uma instituição que, tecnicamente, se responsabilize. É na solução para estes desafios que entra as capacidades de realização de empreendedores e mentes técnicas; seja no avanço do protocolo, do ecossistema de ferramentas que cercam o protocolo como pontes para os usuários junto com a evolução da usabilidade na utilização destas ferramentas de forma segura.
  14. CRIAÇÃO CONSTANTE DE SOLUÇÕES DE MERCADO PARA OS USUÁRIOS A

    evolução clara deste acesso ao Bitcoin pode ser vista no número de soluções disponíveis no mercado hoje em dia. O que começou como algo exclusivo para pessoas com um maior entendimento técnico de computação para compilar, rodar o código e participar da rede P2P do Bitcoin, hoje se tornou um ambiente de inovação e opções cada vez mais amigáveis para o público em geral. E, felizmente, muitas delas mantém níveis extremamente satisfatórios de controle do usuário sobre o próprio dinheiro. Outras, no entanto, provarão não ter valor ao julgamento do mercado, porém, o florescimento de ideias e soluções reais é inegável… e só cresce.
  15. BIP Além das soluções criadas por empresas do ecossistema, os

    próprios desenvolvedores do núcleo do bitcoin contam com um sistema de melhorias que são propostas para o protocolo, as BIPs
  16. BIP (BITCOIN IMPROVEMENT PROPOSAL) (Propostas de Melhora do Bitcoin) Embora

    a maioria sugira melhorias estritamente técnicas, algumas delas implicam em melhoras na usabilidade do Bitcoin e, consequentemente, em uma maior facilidade de garantir a segurança das moedas. Vou dar 2 exemplos rápidos dessas propostas:
  17. BIP 21 Propõe um esquema de URI para permitir que

    usuários possam realizar pagamentos de bitcoin de forma simples, clicando em links na web ou lendo um código QR.
  18. BIP 32 E BIP 39 Proposta de criação de carteiras

    hierárquicas determinísticas (HD) e código mnemônico para geração de chaves determinísticas, respectivamente.
  19. POR QUE TORNAR O BITCOIN MAIS ACESSÍVEL? Por que eu

    acho importante pensar tanto na usabilidade quanto em formas mais acessíveis de explicar o Bitcoin para pessoas que não entendam profundamente a parte técnica?
  20. ADOÇÃO DAS MASSAS? É mais do que aquela história de

    "vamos fazer o bitcoin virar mainstream!”, ou “minha avó tem que começar a usar bitcoin AGORA”. Eu acho sim, muito interessante contar para as pessoas, mostrar as possibilidades do bitcoin. Mas isso não é a parte mais vital porque, à medida que o bitcoin for crescendo, ele vai automaticamente ficando mais conhecido. É um processo bem natural e que se for forçado demais pode até causar problemas na rede, como a entrada de mais usuários do que ela consegue suportar nesse momento.
  21. FALTA DE CONHECIMENTO = VULNERABILIDADE A grande questão aí é

    que, se as pessoas não entendem a tecnologia que elas estão usando, elas ficam muito mais expostas e vulneráveis a todo o tipo de problema que possa ocorrer. Isso não é difícil de imaginar. Você já teve que contratar algum serviço ou comprar algum produto de uma área que você não entendesse? Se sim, você deve ter se sentido totalmente a mercê da honestidade do vendedor de te mostrar a melhor solução. Isso pode não ser um problema muito grande na hora de escolher uma roupa que tenha que ficar bem em outra pessoa, mas não é o tipo de coisa que deveria acontecer quando se trata do seu próprio dinheiro. No caso do bitcoin, essa falta de conhecimento facilita tanto que a pessoa caia em golpes e esquemas de pirâmide e fraude, mas especialmente facilita erros no uso da tecnologia que podem comprometer a segurança das moedas. Vou dar alguns exemplos aqui, de problemas causados por falta de conhecimento ou por usabilidade ruim no ambiente do bitcoin.
  22. PERDI OS BITCOINS PORQUE NÃO SABIA FAZER BACKUP E RECUPERAR

    A CARTEIRA. Isso poderia ser evitado com mais conhecimento do usuário e com avisos da interface da carteira para ajudar a lembrar do backup. A Mycellium é uma carteira que eu já vi que deixa um aviso caso você não tenha feito o backup.
  23. DIVULGUEI INFORMAÇÕES QUE COMPROMETEM A PRIVACIDADE DA MINHA CARTEIRA. Falta

    total de conhecimento sobre o que aquela informação significa. No caso de uma chave privada, a pessoa tem que entender, no mínimo, que aquilo é o que dá acesso aos bitcoins dela. No caso do endereço, a pessoa tem que entender que se ela associar isso ao nome dela - postando em uma página pessoal ou usando comprando um produto no nome dela-, acaba o anonimato que ela poderia ter.
  24. COLOQUEI, SEM QUERER, UM VALOR MUITO ALTO NA TAXA DE

    TRANSAÇÃO. Esse é um problema bem comum até para pessoas técnicas, porque não deriva necessariamente da falta de conhecimento e sim de uma distração. A interface da carteira pode evitar isso sugerindo ela mesma um valor de taxa de acordo com a demanda da rede no momento. Já há várias carteiras que implementam isso.
  25. MAS ESPERA, ONDE ESTÁ O ARQUIVO COM MEUS BITCOINS? E

    por último, um erro de entendimento bem comum para iniciantes no ecossistema: pessoas acharem que elas possuem os bitcoins no computador delas, em um arquivo ou algo assim.
  26. CONHECIMENTO É PODER …E SEGURANÇA Enfim, há inúmeras formas de

    fazer besteiras com bitcoin. Por ISSO, eu acho tão importante que as pessoas entendam com o que elas estão mexendo, mesmo que elas não cheguem ao nível de saber os algoritmos de criptografia por detrás da tecnologia.
  27. “COMO EU POSSO CONTRIBUIR?” Ninguém tem obrigação moral de prevenir

    os erros alheios, afinal, cada um entra no Bitcoin por conta e risco próprio. Mas se você tem interesse no sucesso do Bitcoin - o que é esperado se você possui bitcoins e não quer ver esse dinheiro valendo zero -, é natural querer contribuir para a “evangelização” da tecnologia da melhor forma possível.
  28. Uma das formas de fazer isso através do meio técnico

    é desenvolvendo soluções de software que alinhem o design com a experiência do usuário.
  29. BITCOINFOGRAPHICS.COM Outra forma que eu encontrei - aí já passando

    mais para o lado do design - foi criar materiais gráficos explicando conceitos básicos de uma forma mais amigável. Esses exemplos são da página que eu e o marco criamos chamada bitcoinfographics.com, mas o próprio blockchain hub também comprou essa ideia e terá infográficos explicativos.
  30. Cada uma das peças de tecnologia que compõe o Bitcoin

    não nasceu num vácuo apenas porque era possível ser criada; ou para satisfazer o ego de uma sociedade recém-introduzida às possibilidades magníficas da tecnologia da informação quando aliada ao poder dos microprocessadores.
  31. O movimento cypherpunk, nascido a partir da percepção das implicações

    deste poder de processamento em crescimento e responsável por grande parte dos avanços da privacidade e liberdade da tecnologia da informação é, de fato, um assunto inteiro por si só.
  32. CRIANDO UM DINHEIRO ELETRÔNICO DO ZERO Para observar isto, vamos

    imaginar que estamos com o objetivo claro de criar um dinheiro eletrônico descentralizado do zero. Vamos dar uma rápida passada pelas peças fundamentais do Bitcoin e o problema que cada uma delas se propõe a resolver no protocolo.
  33. Primeiro, temos um uma representação em forma eletrônica de um

    certo número de tokens. Vamos chamar estes tokens de…
  34. ALICE BOB 4 BTC 8 BTC No primeiro caso, Alice

    quer fazer uma transação transferindo 10 bitcoins para o controle de Bob para que Bob possa usar estes bitcoins em outras transações futuras sucessivamente. Logo no começo, ao observarmos como as transações são ligadas umas às outras, é possível notar que este número de bitcoins é uma abstração do que chamamos de outputs não gastos. Logo, neste exemplo, Alice tem dois outputs que juntos somam a quantia abstraída de 12 bitcoins. Um output tem 8 bitcoins e o outro tem 4 bitcoins para serem gastos.
  35. ALICE BOB 2 BTC 8 BTC 2 BTC Então, precisamos

    juntar os dois outputs para transferir 10 bitcoins para bob. No entanto, os dois outputs de Alice somam 12 bitcoins, logo o protocolo precisa usar um conceito não tão inovador chamado "troco" que Alice possa receber de volta os 2 bitcoins ao pagar 10 bitcoins para Bob. Aqui, não estamos contanto com as taxas de mineração apenas para simplificar os número, mas o conceito é simples. Qualquer output que não seja completamente gasto na transação é considerado a fee dos mineradores... simples, mas funcional. Logo, se Alice quisesse deixar uma taxa de mineração, ela montaria a transação de forma a não retornar os completos 2 bitcoins de troco para ela.
  36. ALICE BOB 2 BTC 8 BTC ? MARCO AGNER Okay,

    mas e se eu decidir pegar os outputs da Alice para montar uma transação e enganar Bob para receber os produtos que Bob vende? Como Bob pode dizer que eu posso ou não posso gastar estes outputs? É necessário, então, que tenhamos uma forma de reconhecer os participantes da rede. E é por isso que utilizamos criptografia de chave pública e privada para que Alice possa provar que ela está autorizando o gasto dos fundos.
  37. ALICE BOB 2 BTC 8 BTC + ? Tudo que

    Alice precisa agora é montar a mesma transação, assinar ela com a chave privada correspondente e enviar para Bob, permitindo que ele consiga verificar a validade da transação de forma independente ao checar as três informações: a estrutura da transação, a assinatura e a chave pública da Alice.
  38. ALICE BOB 2 BTC 8 BTC + √ Agora, eu

    não posso mais roubar a identidade de Alice na rede e enganar Bob ou outros peers me passando por Alice. Para os mais animados... eu não preciso ir a fundo sobre como criptografia de chave pública funciona, pois em breve já teremos o Marcelo pegando forte no assunto
  39. ALICE BOB 2 BTC 8 BTC X MARCO AGNER Okay,

    mas e se eu decidir pegar os outputs da Alice para montar uma transação e enganar Bob para receber os produtos que Bob vende? Como Bob pode dizer que eu posso ou não posso gastar estes outputs? É necessário, então, que tenhamos uma forma de reconhecer os participantes da rede. E é por isso que utilizamos criptografia de chave pública e privada para que Alice possa provar que ela está autorizando o gasto dos fundos.
  40. ALICE BOB 50 BTC Então, digamos que agora Alice tem

    50 bitcoins e decide que ela vai enviar estes mesmos 50 bitcoins para duas pessoas diferentes que não se conhecem. No caso do dinheiro estatal, chamamos de isso de falsificação... no bitcoin isso é chamado de gasto duplo ou double spend. Precisamos de uma forma de garantir que isso não aconteça para que estes tokens tenham a chance de ter alguma utilidade financeira.
  41. LIVRO RAZÃO PÚBLICO Para tentar resolver isso, podemos concordar que

    todas as transações na rede devem ser informadas publicamente na rede e adicionadas a um livro-razão público para manter a contabilidade da rede. Mas, para quem vamos confiar este livro-razão? No caso do sistema bancário atual, nós estamos mais ou menos neste nível. Nós, basicamente, confiamos o dever sagrado de manter o livro-razão a algumas organizações financeiras contando que elas vão honrar este compromisso. Neste sistema obsoleto, nós já temos problemas sérios e recorrentes de confiança... mas parece que estamos mais ou menos okay com isso. Certamente, numa rede P2P em que os participantes são conhecidos apenas por pseudônimos, o caos seria certo e o bitcoin não teria possibilidade de ser usado como dinheiro.
  42. ALICE BOB 50 BTC A abordagem escolhida no caso do

    Bitcoin foi de que TODOS os participantes da rede devem manter este log de forma a evitar que gastos duplos e outros tipos de transações maliciosas deste tipo ocorram. Se todos na rede mantém o arquivo contendo todas as transações ocorridas na rede, conseguimos aumentar a confiança de que Alice não poderá usar os mesmos 50 bitcoins para enviar para duas pessoas ao mesmo tempo. Apenas uma das transações poderá ser válida. Certo, mas ainda temos problemas sérios neste modelo. O que acontece se eu conseguir fazer com que todos com o log mudem o log e roubem os fundos de Alice.. talvez para que ela nunca mais tente fazer um gasto duplo e fraudar as pessoas na rede. Bom, precisamos de algo mais complexo em direção ao conceito de blockchain.
  43. bcf2f1d825ed859a73a7efef0373fae77dea94f6dfb52f6412ff65c4b7cf3e7a A primeira coisa que precisamos são funções hash para

    que possamos adicionar um elo criptográfico aos blocos de transações - ou páginas - deste livro-razão. Com as funções hash criptográficas apropriadas conseguimos pegar um número qualquer de informações e transformar e um dado menor tendo bastante confiança de que é impraticável encontrar colisões entre diferentes informações que usemos como input em nossa função hash.
  44. SHA-256 No caso do livro-razão do Bitcoin, utilizamos a função

    hash SHA-256. Que, possui a possibilidade de representar 2**256 informações diferentes que pode ser representado por 10**77 possibilidades diferentes.
  45. Sabendo que o número de átomos presentes no universo observável

    é algo entre 10**78 e 10**82, também estamos bastante confiantes de que uma colisão de hashes com esta função é impraticável.
  46. Então, assim, temos mais uma peça em direção à blockchain

    que conhecemos. Tendo uma forma de identificar as informações contidas no cabeçalho cada bloco com um fingerprint seguro, podemos usar isto para "grudar" criptograficamente os blocos uns aos outros ao adicionar o hash do bloco anterior como informação no cabeçalho dos bloco logo após ele e assim sucessivamente, usando estes hashes como os elos segurando os blocos.
  47. ÁRVORE DE MERKLE Ainda como um apêndice no uso de

    hashes como elos criptográficos, uma estrutura muito ínteligente utilizada para resumir as transações em apenas um hash no cabeçalho de cada bloco é a Árvore de Merkle. Esta estrutura de dados, de forma sucinta, cria um resumo de um certo número de elementos - no caso do Bitcoin, as transações - fazendo um hash de pares de transações e assim sucessivamente até gerar último hash chamado a raiz de Merkle.
  48. A árvore de merkle é uma otimização essencial para o

    Bitcoin e é a raiz dela que é incluida no hash de cada bloco. Para todos os efeitos, assim conseguimos garantir que cada bloco criado referencia única e exclusivamente apenas um bloco, criando uma ordem para esta estrutura que estamos montando.
  49. Mas ainda temos um problema fundamental para este nosso dinheiro

    eletrônico. Como os participantes da rede podem verificar se um destes blocos não foi alterado? Graças à necessidade de assinatura de cada transação, isso não permite a criação arbitrária de transações roubando fundos de participantes na rede criando novas transações. No entanto, ter o poder de enganar outros participantes em seguir o seu livro-razão permite que você até, de certa forma, roube fundos pertencentes aos outros ao excluir transações que aconteceram na rede, permitindo que você desfaça pagamentos após ter recebido os bens por aquele pagamento. Uma fraude que não se caracteriza formalmente como um duplo gasto, mas consegue atingir o mesmo objetivo. Assim como, um atacante poderia enganar os participantes da rede para censurar transações entre outros possíveis ataques. Claramente, seria impossível tentar atribuir algum valor financeiro sério a um dinheiro com estes problemas.
  50. HASHCASH É aí que entra o algoritmo hashcash criado por

    Adam Back em 1997. Por sinal, Adam Back é um membro muito ativo no ecossistema Bitcoin e continua ajudando na evolução do protocolo. O hashcash foi originalmente criado como um sistema de proof-of-work, ou seja, um sistema para comprovar esforço computacional para servir como proteção contra spam de emails e tipos de ataque de Denial of Service fazendo com que alguém a fim de utilizar um recurso digital escasso tenha que comprovar o gasto de um outro recurso escasso - o processamento de seu computador - apresentando um resultado hash como prova. Isto introduz o conceito de mineradores ao protocolo. Qualquer um que quiser ganhar o direito de adicionar um novo bloco à blockchain deve resolver um desafio.
  51. Um jogo gigante de Sudoku... para representar uma operação em

    que a dificuldade para resolver o desafio é muito maior do que a dificuldade para verificar se o desafio foi resolvido de forma correta.
  52. 0fa9339e51cefb79cc6c61d602cbf549fbe29e8bf17427d840277f2b5037769a 00b911eccc58ef739f7e87cc45fcd445b746ca95f4eec0f3b4ea7854bcdd850e 000046253349900d528f82b17365378925e80e08e4404ce86d0a81be592332ba 00000a8d845ea7b92ea3f589b0c8e3210e4351aa988daac57bc9b5b46cab26fc 00000048b1a635b6b7fd726bbf7be991dbe2ced3e894df08619e1c081e93ded8 0000000a8256eb559ad433b492a5fbee291a457d4f522631afd5a086a18cbcbd … 000dcd9ab45e3ac6772bb5f8e5e29717015756d1091a0df6126ed1c27fe4baa3 0000000000000000032b7e29686c725b1c46d7330c9ac13797032fab884c8533 Na

    realidade, no entanto, o hashcash no Bitcoin se vale do fato de que o aumento de dificuldade para se gerar um hash com cada vez mais zeros na frente - ou seja, representando números cada vez menores - é previsível. O minerador, então, adiciona um novo dado, um nonce, ao cabeçalho do bloco antes de tirar o hash do bloco atual e fica tentando sucessivamente acertar um número igual ou menor ao esperado pela rede sucessivas vezes mudando o nonce e, hoje em dia usando algumas outras técnicas, para que o hash mude até que consiga acertar um resultado de proof-of-work esperado pela rede. Assim, os elos criptográficos ligando cada bloco, que antes podiam ser facilmente alterados, ganham uma prova matemática do processamento despendido na atualização da blockchain. Fazendo com que qualquer alteração na blockchain seja exponencialmente cada vez mais difícil de ser feita a cada novo bloco adicionado. Este último, por sinal, é um hash bastante recente na rede com incríveis 17 zeros na frente. O que precisa de um poder de processamento enorme - e um pouco de sorte - para ser gerado. Caso eu quisesse alterar este bloco, eu teria que gerar todo o trabalho computacional despendido do bloco em que este hash foi gerado até o bloco em que a rede estiver no momento... um atrás do outro... Isso tudo, enquanto o resto da rede continua trabalhando atualizando a blockchain. Uma corrida contra o tempo e todo o processamento dos outros mineradores.
  53. E, para finalizar, vale realçar que o incentivo destes mineradores

    gastando processamento para dar segurança à rede é a recompensa em Bitcoin que eles terminam por receber. Fechando, assim, o ciclo completo do Bitcoin. Com estas peças e com a licença para algumas simplificações perfeita para esta introdução, temos, finalmente, um token que talvez possa vir a valer 1 dólar... ou, quem sabe, até mais... se algumas pessoas ousarem participar da alucinação coletiva que é o nascimento de uma nova forma de dinheiro. Um pequeno grupo de pessoas decidiu acreditar nesta alucinação coletiva desde 2009… e aqui estamos nós, hoje, participando dela.