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EDO's, Problemas de valor inicial

EDO's, Problemas de valor inicial

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Paulo Bordoni

June 29, 2017
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Transcript

  1. Vamos analisar cada componente dessa expressão em detalhe. Equações diferenciais

    ordinárias de são descritas, taquigraficamente, pela expressão ′ = (, ).
  2. Se = 1 2 ⋯ e = 1 2 ⋯

    são vetores de ℝ então ′ = (, ) é uma equação vetorial que descreve um sistema de EDOs. O estudo de EDO’s remonta aos inventores do Cálculo Diferencial e Integral, Newton e Leibnitz, entorno dos anos 1670. Euler (século XVIII) apresentou contribuições fundamentais.
  3. Na forma de equações o sistema fica ′1 = 1

    (, ) ′2 = 2 (, ) ⋮ ′ = (, ) , com = 1 2 ⋮ . Sistema de EDOs, Mestra? Francamente, não entendi.
  4. Sim, basta escrevermos ቊ ′ = ′ = (, ,

    ) Uma equação diferencial ordinária de 2ª ordem, ′′ = (, ′, ), se reduz a um sistema de duas equações de 1ª ordem.
  5. Se a EDO não depende explicitamente de , isto é,

    ′ = () o sistema é dito autônomo. Já no caso da ser independente de , ou seja ′ = (), pelo teorema fundamental do cálculo, a EDO se reduz a uma integral indefinida: − (0 ) = ׬ 0 . Se , = + (), com , funções de , a EDO ′ = (, ) é linear. Caso = 0 a equação é homogênea. Para sistemas, é uma matriz × e um vetor.
  6. O primeiro dos ingredientes é uma função (, ) ↦

    (, ), com um domínio ⊂ ℝ2 e a valores reais: (, ) ∈ ℝ. Físicos, engenheiros e meteorologistas usualmente chamam tais funções de campos escalares.
  7. O CPTEC/IMPE usa curvas de nível para mostrar valores médios

    das temperaturas máximas e mínimas do campo de temperaturas no Brasil e regiões. Vejam:
  8. Temperatura, a pressão, radiação solar, a pluviometria em cada ponto

    (do Brasil) são grandezas escalares, mensuradas pelo CPTEC/INPE. O CPTEC usa instrumentos sofisticados. Clique onde marquei para saber mais.
  9. O gráfico de uma função : ℝ2 → ℝ e

    suas curvas de nível.: Esse exemplo é clássico!
  10. Apenas em si, (, ) define um campo escalar (,

    ) ↦ (, ) num domínio ⊂ ℝ2 e a valores reais. Entretanto, a igualdade em ′ = (, ) informa que o valor numérico desse campo (, ) ↦ (, ) deve ser interpretado como uma derivada ′ = Τ .
  11. () ′ = (, ) 0 1 (1 , 1

    ) 2 1 0 2 (0 , 0 ) (2 , 2 ) Se entendi, Galileu, o campo escalar (, ) ↦ (, ) define a inclinação ′(t) da função ↦ (), para cada ponto .
  12. 0 1 (1 , 1 ) 2 1 0 2

    (0 , 0 ) (2 , 2 ) Pois é Cabelos de Fogo, poderemos também pensar em um campo de vetores, se levarmos em consideração o sentido de percurso da curva ↦ (, ()). Repetindo a fala do Surfista, o campo (, ) ↦ (, ) é um campo escalar de inclinações definido em cada ponto (, ) ∈ ⊂ ℝ2.
  13. Em outras palavras para cada ponto (, ) ∈ o

    campo associa um vetor , = (, ) (, ) . Imagine o fluxo d’água num rio e pense no campo de velocidades (das partículas de água). Um campo de vetores com domínio ⊂ ℝ2 é uma aplicação : → ℝ2 dada por (, ) ↦ , = (, ) (, )
  14. Pois é, um campo escalar. Entretanto a igualdade ′ =

    (, ) força a entender os valores (, ) como inclinações, já que ′ = Τ é uma derivada. Mas a função (, ) ↦ (, ) assume valores reais, isto é, (, ) ∈ ℝ. Francamente, não entendo!
  15. Este programa traça o campo de vetores definido pela função

    (, ) ↦ (, ). O rabinho deles fica preso nos pontos da meshgrid().
  16. Modifiquei o programa, acrescentando o trecho recortado, onde os vetores

    do campo são normalizados com uma gradação de cores para definir seus tamanhos (normas). As cores mais escuras indicam vetores com norma maior .
  17. 1 0 1 0 () () () Imagine Loirinha, que

    um ponto = () está se deslocando sobre um caminho , parametrizado por ↦ = [ , ], para ∈ [0 , 1 ] () é o vetor deslocamento, a posição em cada instante de tempo .
  18. Para concretizar, Loirinha: você se deslocando de bicicleta na pista

    da Lagoa Rodrigo de Freitas. A Lagoa é a curva e sua posição no instante é = () () . O deslocamento do Surfista é outro!
  19. 1 0 1 0 () () ′() () A velocidade

    de deslocamento do ponto () é dada por ↦ ′ = [ ′(), ′ ] É o vetor tangente à curva no ponto (). Eu ando mais rápido!
  20. ′() ′() ′() () () () Claro Mestre, é a

    velocidade da minha bicicleta! Atenção Surfista: O vetor velocidade ′() e suas coordenadas ′() e ′ são referidas à um sistema de referência “amarrado” em ().
  21. Fiz um programa que recebe a expressão da função (,

    ), calcula a solução ↦ () do PVI ቊ ′ = (, ) 0 = 0 e traça alguns vetores do campo (, ) ↦ (, ) tangentes ao gráfico de .
  22. Usei uma escala de cores (crescendo do + claro ao

    + escuro) para pintar os vetores tangentes desenhados com a função arrow() da matplotlib.
  23. 1 0 0 () 1 = [ , ] ′

    = [ 1, ′ ] Para funções, a parametrização é ↦ [, ]. E portanto o vetor velocidade é ↦ ′ = [ 1, ′ ], no sistema de coordenadas amarrado na bicicleta.
  24. Isto explica os parâmetros , , , exigidos pela função

    quiver(). Uma explicação esclarecedora, Mestra!
  25. Voltando à expressão ′ = , . O terceiro ingrediente

    é a igualdade. Ela pode ser verdadeira ou não! Em outras palavras, ela expressa uma equação.
  26. Não se trata de uma equação algébrica (ou transcendental) onde

    a incógnita é um número. Nem mesmo de um sistema de equações lineares (ou não-lineares), no qual a incógnita é um vetor. A incógnita é uma função ↦ e a expressão ′ = , relaciona e sua derivada ′ = Τ .
  27. Portanto: Se uma função : ↦ () torna a igualdade

    ′ = (, ) verdadeira, ela é uma solução dessa equação. É nesse instante que recordo a velha dualidade: funções são vetores definidos ponto a ponto.
  28. Muito oportunamente lembrada, Mestra. Assim, para que uma função ↦

    () seja uma solução da equação ′ = (, ) ela precisa tornar verdadeira a igualdade ′ = , em cada ponto do seu domínio.
  29. Como já vimos, um problema de valor inicial, PVI, é

    constituído por uma equação diferencial mais uma condição inicial: ቊ ′ = (, ) 0 = 0 . A pergunta que surge é: Todo problema de valor inicial, PVI, tem solução?
  30. Confira a afirmação do Mestre em “Equações Diferenciais Ordinárias”, C.L.

    Doering e A.O. Lopes, Teorema de Cauchy- Peano, pg.387. Para que um PVI possua solução, basta que a função (, ) ↦ , seja contínua no seu domínio e que 0 , 0 ∈ .
  31. Entretanto, para a unicidade de solução de um PVI, é

    preciso que a função seja Lispschitz contínua no seu domínio . Para maiores detalhes veja o Teorema de Picard-Lindelöf, às pgs. 384,385 da referência anterior.
  32. Mestres, testar essa condição de Lipschitz é complicado. Não há

    algum teste mais simples? Tem sim Loirinha. Lendo, descobri no livro de Doering & Lopes que basta testarmos se e Τ (, ) são funções contínuas em (nas duas variáveis).
  33. A grande pergunta é: Dada a função (, ) ↦

    (, ) satisfazendo as condições de existência e unicidade, como obter, numericamente, a função ↦ (), que resolve o problema de valor inicial.
  34. Na realidade obteremos aproximações para o problema de valor inicial

    ቊ ′ = (, ) 0 = 0 . Começamos assumindo que a solução ↦ () é única e está definida num intervalo num intervalo [a,b]
  35. Em seguida criamos uma partição , = = 0 ,

    1 , … , = e calculamos aproximações 0 , 1 , … , para os valores exatos 0 , 1 , … , ( ). A utilização de partições uniformes, nas quais +1 = + ℎ, para = 0,1, … , − 1 com ℎ = ( − )/, permite criar algoritmos recursivos que permitam calcular facilmente +1 a partir de
  36. Conhecida a ↦ (), para ℎ pequeno, o quociente de

    Newton fornece ′ ≅ +1 − ℎ . Então, se ↦ () é solução da equação ′ = (, ) teremos +1 − ℎ ≅ ( , )
  37. Teríamos então uma fórmula recursiva de aproximação: +1 ≅ +

    ℎ ∙ , , = 0,1, … − 1 Teríamos ou teremos?
  38. Teríamos, porque ↦ () é nossa incógnita. Não a conhecemos!

    Entretanto, para = 0 a aproximação é válida, pois da condição inicial 0 = 0 tiramos 1 ≅ 0 + ℎ ∙ 0 , 0 .
  39. De fato, a fórmula fornece uma aproximação 1 para (1

    ): 1 ≅ 1 = 0 + ℎ ∙ 0 , 0 . Repetindo a ideia da tangente para os pontos 1 , (1 ) , 2 , (2 ) , etc, temos o método de Euler.
  40. O Mestre fez um programa que mostra a solução do

    PVI ቊ ′ = (, ) 0 = 0 para ∈ [0, ] pelo método Euler, com passo ℎ escolhido pelo usuário. Além disso, comparo com a solução “exata” e mostro o erro.
  41. Nesta e nas próximas três transparências, um exemplo detalhado do

    método de Runge-Kutta para EDOs de 2ª ordem.
  42. São apenas dois métodos, o odeint e o ode. Mas,

    conforme veremos, muito poderosos.