Upgrade to Pro — share decks privately, control downloads, hide ads and more …

Filosofia da Educação

Salve Maria
February 01, 2020

Filosofia da Educação

Uma introdução ao pensamento educacional de S. Agostinho, S. Tomás de Aquino e a educação atual.

Salve Maria

February 01, 2020
Tweet

More Decks by Salve Maria

Other Decks in Education

Transcript

  1. REFERÊNCIAS • De Magistro – Sto. Agostinho e Sto. Tomás

    de Aquino, Ed. Kirion. • Sobre a Vida Feliz – Sto. Agostinho, Ed, vozes • Confissões – Sto. Agostinho, Ed. Paulus • Comentario a Metafísica de Aristóteles – Sto. Tomás, Ed. Vide Editorial • Meditações para o Advento e Natal – Sto. Tomás, Ed. Ecclesiae • Amor as letras e o desejo de Deus – D. Jean Leclerq • Projecto y realizacion del filosofar latino americano – Francisco Miró Quesada • Ensino de filosofia no ensino médio – Silvio Gallo
  2. A NECESSIDADE DA EDUCAÇÃO • “É próprio do homem conhecer

    [...] é próprio do sábio conhecer pelas causas” (Metafísica, Livro Alfa) • “Imagem e semelhança de Deus” • Pecado original e o esquecimento de Deus • “Fizeste-nos para Ti e inquieto está nosso coração, enquanto não repousar em Ti.” (Conf. L.1, 1.1) • Trevas do pecado: “Basta mergulhar nas paixões, isto é, nas trevas, para ficar longe de tua face” (Conf. L.1, 18.28) • “Escravo que foge do seu Senhor, à procura de escuridão” (Conf. L.2, 6.14)
  3. A METÁFORA DA NAVEGAÇÃO • “Se o curso instaurado pela

    razão e pela própria vontade conduzissem ao porto da filosofia, único ponto através do qual se pode alcançar a região da vida feliz, ó ilustre e grande homem, Teodoro, não sei se afirmaria temerariamente que poucos seriam os que conseguiriam chegar a esse porto. [...] Fomos lançados neste mundo por Deus ou pela natureza ou pela necessidade, ou por nossa vontade, ou por algum desses fatores reunidos ou por todos juntos, (a questão ainda me é obscura), fomos lançados como disse, como que num mar tempestuoso, sem razão e aleatoriamente.” (DBV, 1.1)
  4. A METÁFORA DA NAVEGAÇÃO • “Assim, pois, dentre os homens

    que podem ser acolhidos pela filosofia, parece-me poder dividir como que três tipos de navegantes. Um tipo é daqueles que, tendo alcançado a idade da razão, com bem pouco ímpeto e poucos golpes de remo procuram se afastar do que lhes está próximo, refugiando-se naquela tranquilidade, onde erigem um sinal luminoso de alguma obra sua a fim de buscar atingir o maior numero de outros cidadãos, para atraí-los a si.” (DBV, 1.2)
  5. A METÁFORA DA NAVEGAÇÃO • “O outro tipo, contrário ao

    tipo anterior, é daqueles enganados pela superfície falaciosa do mar, escolhendo avançar para o alto-mar, ousam peregrinar para longe de sua pátria, e muitas vezes acabam de esquecendo da mesma. Mas se a estes, não se sabe por que maneira nem por que força obscura, sopra-lhes um vento na popa, o qual consideram como próspero, acabam penetrando na mais profunda das misérias, orgulhosos e contentes, pensando estarem sendo favorecidos.” (DBV, 1.2)
  6. A METÁFORA DA NAVEGAÇÃO • “Há porém um terceiro gênero,

    daqueles navegantes que, encontrando-se no próprio limiar da adolescência ou já tendo sido bastante batidos pelo mar por longo tempo ainda tem olhos para verem certos sinais, e, muito embora balançando nas ondas do mar, ainda se recordam de sua dulcíssima pátria. E, em curso reto e sem desvios e demora a ela retornam, muitas vezes ainda, tomando desvios por entre a névoa, ou observando os astros no céu, ou presos em certas seduções, atrasam o tempo propício da boa navegação, acabam errando com frequência e muitas vezes também acabam naufragando.” (DBV, 1.2)
  7. DE MAGISTRO – STO. AGOSTINHO • Por volta de 389

    d.C. • Forma de Diálogo – Herança Platônica • Dialogo com seu filho Adeodato • Divisão da Obra: • 1ª parte: Problemática das palavras (Cap. I ao IX) • 2ª parte: A teoria da Iluminação e o mestre interior (Cap. X ao XIV)
  8. A PROBLEMÁTICA DA LINGUAGEM • Finalidade das Palavras: Ensinar ou

    recordar • “Deus não precisa ser ensinado ou recordado por nossas palavras. Quem fala dá, através de sua articulação sonora, um signo de sua própria vontade; mas quando se trata de Deus, temos que suplicar e expor nossos desejos no íntimo secreto de nossa alma racional – Chamado de homem interior – pois Ele mesmo quis que fosse esse seu templo” (DM, I) • Signos – “Todas as coisas que significam algo, entre elas, as palavras” (DM, IV)
  9. TIPOS DE SIGNOS • Signos indicados por palavras a) Significam

    o mesmo signo – Substancias b) Significam signos distintos – “Ex” • Signos indicados por outros signos – Gestos, sons, movimentos.
  10. SIGNIFICÁVEIS • “O homem é um homem?” (DM,VIII) • “O

    Homem é certamente homem: estas duas sílabas não são mais do que estas duas sílabas, e o que elas significam não e outra coisa senão aquilo que é”. (DM,VIII) • “Da boca de quem fala não procede a coisa significada, mas o signo com o qual ela é significada.” (DM,VIII) • O homem e o nome • “Desejo que compreendas que devemos prezar mais as coisas significadas que os signos.... Tudo que existe em função de uma coisa é necessariamente inferior à coisa da qual existe ” (DM,VIII-IX)
  11. OS SIGNIFICÁVEIS E O CONHECIMENTO • “Se considerarmos o conhecimento

    como superior ao signo em questão, é porque estamos convencidos de que este existe em função daquele, e não o contrario.” (DM, IX) • “As palavras existem para que as usemos, e nós as usamos para ensinar. Assim, tanto o ensinar é melhor que o falar, quando o falar é melhor que as palavras; portanto o ensinamento é muito melhor que as palavras.” (DM, IX) • Nome, coisa, conhecimento do nome e conhecimento da coisa
  12. O MESTRE INTERIOR • “Quanto às coisas todas que compreendemos,

    não consultemos a fala que soa exteriormente, mas a verdade que preside a própria mente em seu interior, as palavras talvez nos instigando a consultá-la. E essa verdade que é consultada e que ensina, e que se diz habitar no homem interior, é Cristo, a incomutável Virtude de Deus e Sua sempiterna Sabedoria. Toda alma racional a consulta, mas ela se revela a cada uma na medida em que esta a pode captar, conforme sua boa ou má vontade. E se às vezes, estes não se devem a um defeito da verdade consultada, assim como não é defeito da luz exterior que nossos olhos muitas vezes se enganem. Consultamos essa luz para que nos mostre as coisas visíveis, na medida em que as podemos ver.” (DM, XI)
  13. O MESTRE INTERIOR • “Quando se trata das coisas que

    captamos pela mente, isto é, pelo intelecto e pela razão, falamos daquilo que comtemplamos como presente na luz interior da verdade, pela qual é iluminado e da qual desfruta o chamado homem interior.” (DM XII) • “Não se apreende por minhas palavras, mas pelas coisas mesmas que Deus lhe manifesta interiormente.” (DM, XIII)
  14. O ÊXITO DA EDUCAÇÃO AGOSTINIANA • “Quando eles tiverem exposto

    com palavras todas as disciplinas que afirmam ensinar, incluindo as da virtude e sabedoria, é então que os chamados discípulos vão considerar em si mesmos se foram ditas coisas verdadeiras, examinando aquela verdade interior conforme as suas forças. É só assim que aprenderão; e quando descobrem interiormente que o que foi dito é verdade, louvam os seus mestres...” (DM, XIV)
  15. MEDITATIO • “No-lo ensinará Aquele que, por meio do homem

    e dos seus signos, nos admoesta externamente a nos voltarmos para Ele interiormente, para que sejamos instruídos. Amá-lo e conhece-lo: Eis a vida bem- aventurada, que todos proclamam buscar, mas que poucos se alegram por ter verdadeiramente encontrado.” ( DM, XIV) • D. Bosco. • O Vinho das bodas de Caná. • Ofício Divino.
  16. MEDITATIO • “Na língua profana, meditari quer dizer, de maneira

    geral, pensar, refletir, como cogitare ou considerare. Porém, mais do que essas últimas. Ela implica ainda uma orientação de ordem prática, e mesmo moral: trata-se de pensar em uma coisa em vista de poder fazê-la, em outras palavras, prepara-la, prefigura-la em espírito, deseja-la realiza-la de algum modo antecipadamente , logo, de exercê-la [...] Desse modo exercer algo, nele pensando, é fixa-lo na memória, é aprende-lo” (ALDD, p.25-26)
  17. DE MAGISTRO – SANTO TOMÁS DE AQUINO • Por volta

    de 1256-1259, primeiro período de regência em Paris • Questão XI do De Veritate, forma de questões disputadas • 4 artigos: • 1) O homem pode ensinar e ser chamado de mestre, ou somente Deus? • 2) Alguém pode ser chamado de mestre por si mesmo? • 3) O homem pode ser ensinado por um anjo? • 4) Ensinar é um ato da vida ativa ou contemplativa?
  18. 1º ART. O HOMEM PODE ENSINAR E SER CHAMADO DE

    MESTRE? • A Atualização das formas do ser, a aquisição das virtudes e a aquisição da ciência. • “As formas naturais certamente preexistem na matéria, não em ato, como alguns afirmaram, mas somente em potencia, da qual são trazidos ao ato por um agente extrínseco próximo, e não somente pelo agente primeiro.” (DM art.1 Resp.) • “Os hábitos das virtudes, antes de sua plena consumação, preexistem em nós como inclinações naturais, que são como que rudimentos das virtudes (Sobrenaturais), que depois, pelo exercício das obras, são levadas à devida consumação.” (DM art.1 Resp.)
  19. 1º ART. O HOMEM PODE ENSINAR E SER CHAMADO DE

    MESTRE? • “Deve-se dizer o mesmo da aquisição da ciência, que preexiste em nós certas sementes das ciências, a saber, as concepções primeiras do intelecto, conhecidas imediatamente à luz do intelecto agente pelas espécies abstraídas dos objetos sensíveis, sejam elas complexas, como os axiomas, ou simples, como a noção de ser, de uno e outras semelhantes, que o intelecto apreende imediatamente[...] Assim, quando desses conhecimentos universais, a mente atualiza o conhecimento do particular, que antes só tinha em potencia e em geral, é então que dizemos ter adquirido ciência.” (DM, Art. 1, Resp.)
  20. O ENSINAR PARA STO. TOMÁS • Potencia ativa completa •

    Potencia passiva • “A ciência preexiste no aprendiz em potencia, não somente passiva, mas ativa. Do contrário o homem não pode adquirir ciência por si mesmo” (DM, Art. 1, Resp.) • “Há portanto dois modos de adquirir ciência: um, quando a razão natural chega por si mesma ao conhecimento de coisas ignoradas, a este modo chama-se descoberta, e o outro, quando alguém auxilia externamente a razão natural, e a este modo chama-se aprendizagem.” (DM, Art. 1, Resp.)
  21. O MESTRE TOMISTA • “O homem que causa a ciência

    em outro, cooperando com sua razão natural. E isto é ensinar ” (DM art.1 Resp.) • “Se ao contrário, , um homem propõe ao outro coisas que não estão ou não parecem estar incluídas nos princípios conhecidos, imediatamente, não causará neste a ciência, mas talvez opiniões ou crenças.” (DM art.1 Resp.) • “A luz da razão, pela qual conhecemos esses princípios, é infundida em nós por Deus, como uma imagem da verdade incriada refletida em nós.” (DM art.1 Resp.) • “Toda aprendizagem se dá a partir de um conhecimento preexistente.” (DM art.1 Ad Obj.) • “O mestre instiga o intelecto saber daquilo que ele ensina como motor essencial que faz passar da potencia e ato, ao passo que quem exibe um objeto para a visão corporal instiga-a como um motor acidental, do mesmo modo de quem instiga alguém que possui o hábito da ciência a considerar um objeto.” (DM art.1 Ad Obj.)
  22. 3º ART. O HOMEM PODE SER ENSINADO POR UM ANJO?

    • Ação do anjo sobre o homem: • A) Sensível – ensina ao homem sensivelmente • B) Invisível - iluminando o intelecto por principios O homem conhece de dois modos: A) Pela luz intelectual B) Concepções primeiras conhecidas imediatamente
  23. 4º ART. O ENSINO PERTENCE A VIDA ATIVA OU CONTEMPLATIVA?

    • A vida ativa e a vida contemplativa de distinguem pela matéria e pelos fins. • Vida ativa • A) Matéria – Coisas temporais • B) Fim – Ação, proveito do próximo • Vida Contemplativa • A) Matéria – Razões cognoscíveis das coisas • B) Fim – Contemplação da Verdade • Ensinar – Duas matérias : A coisa que se ensina e a pessoa que recebe a ciência.
  24. 4º ART. O ENSINO PERTENCE A VIDA ATIVA OU CONTEMPLATIVA?

    • “Em razão da primeira matéria, o ato de ensinar pertence a vida contemplativa, mas, em razão da segunda pertence à vida ativa. E, razão do fim, entretanto, tempos que o ensino pertença somente a vida ativa, porque a sua matéria última, na qual se atinge o fim pretendido, é matéria da vida ativa. Assim, o ato de ensinar pertence mais à vida ativa que à contemplativa, ainda que também pertença, de certo modo à vida contemplativa.” (DM art.4 Resp.)
  25. O CONHECIMENTO COMO FIM DO HOMEM • “Toda coisa deseja

    naturalmente a sua perfeição. Assim, diz-se que a matéria deseja a forma, como o imperfeito deseja sua perfeição. Desta maneira, o intelecto, pelo qual o homem é aquilo que é, considerando em si mesmo, é em potencia, todas as coisas, mas não é conduzido ao ato senão pelo conhecimento, pois, antes de as inteligir, nenhuma das coisas existe nele[...] segundo porque qualquer coisa tem uma inclinação natural para sua própria operação, [...] e a operação própria do homem é conhecer. [...] Terceiro, porque cada coisa é desejável para que se uma ao seu princípio, pois é nisso que consiste a perfeição de cada coisa.” (CMA, L1, l.1, p.31-32)
  26. SÍNTESE DA PREGAÇÃO DE CRISTO • “A Salvação humana consiste

    em conhecer a verdade, para que não seja obscurecido o entendimento humano, pelos diversos erros, em prosseguir para seu verdadeiro fim, cuidando que, seguindo fins indevidos, não se aparte da verdadeira felicidade, na observância da justiça, para que não se manche com os diversos vícios. Cristo condensou em alguns breves artigos de fé o conhecimento da verdade, necessária para a salvação humana[...] O Apóstolo ensinou também que toda perfeição de vida presente consiste na fé, esperança, caridade[...] A reta razão requer a reta ordem, porque o amor não pode ser reto se com anterioridade não se estabelece o devido fim de nossa esperança, e isto não é possível sem o conhecimento da verdade. Assim, a fé, que nos é necessária, ocupa o primeiro lugar, logo a esperança, pela qual se orienta nosso desejo até o fim devido, e por ultimo é necessário a caridade, pela qual se ordena totalmente o amor.” (MN, p.212)
  27. PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO ATUAL • Racionalismo X Empirismo : O

    curto circuito • Fenomenologia • Imperativo categórico • Maioridade e minoridade Immanuel Kant
  28. A LIBERDADE ACIMA DA RAZÃO • “A razão não é

    o tipo parmenidiano como sustenta, por exemplo Meyerson, que considera a esta como a faculdade do pensamento de reduzir todos seus conteúdos a identidade. A razão é capaz de ascender até a universidade e totalidade dialética em um movimento auto construtivo que é um processo de objetificação que chamados de mundo ou universo...Neste sentido a razão é o motor que canaliza a dinâmica desta existência, que consiste em realizar a liberdade, que é a transcendência, por que é a autorrealização da existência.” (PRFLA, p.15) Miguel Angel Virasoro
  29. A LIBERDADE ACIMA DA RAZÃO • “Esse transcender-se. constitui e

    canaliza-se por meio da razão, desta maneira a razão preside a autorrealização livre da existência.” (PRFLA, p.15) • “Porém nenhum ser pode realizar sua liberdade senão mediante a uma negação daquela natureza primária que exercita seu ato absolutamente incondicionado. Esse desprezo se deve ao fato de que a liberdade deve faze-lo em relação a circunstâncias determinadas” (PRFLA, p.16) Miguel Angel Virasoro
  30. A FÉ COMO ALGO IRRACIONAL • “O bem e o

    mal não são como algo fixado para sempre. São um fazer, porem a experiência ética é um não fazer. [...] o absoluto, ao que se destina, é deixado fora de nosso campo visual. A solução é então o dualismo irredutível. Em nome da irracionalidade descoberta, afirmasse que o racional se deve chegar ao irracional, da imanência à transcendência.”(Renato Cirell, PRFLA, p.22)