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Álgebra Linear Computacional III

Álgebra Linear Computacional III

Por efetuar

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Paulo Bordoni

May 16, 2014
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Transcript

  1. Percebemos claramente que a matriz A leva a circunferência unitária

    numa elípse. Sim Mestra, é só olhar para as pontas dos vetores.
  2. Então se eu usar apenas a circunferência unitária obterei o

    mesmo resultado - uma elípse. Exatamente Surfista, veja o programa que confirma sua fala na próxima transparência.
  3. A norma natural da matriz em questão, também chamada de

    norma induzida euclidiana é, exatamente, a medida do semi-eixo maior dessa elípse. Sim Mestre. Mas como eu calculo o tamanho desse semi-eixo maior?
  4. A definição é exatamente o que deve ser: 2 =

    max 2=1 2 Dentre todos os vetores , com sobre a circunferência unitária pego o tamanho do maior deles.
  5. Resumindo: A norma euclidiana induzida de uma matriz qualquer A

    é, nada mais, nada menos, que a medida da deformação máxima que ela faz sobre a circunferência unitária. Absolutamente correto, Surfista!
  6. Uma definição equivalente é 2 = 2 2 , ≠

    0 Essa equivalência decorre da linearidade de A e de uma das propriedades da 2 de vetores: () 2 = 2 = 2 . Basta escolher = 1 2 .
  7. Aliás, para provar que um número ∈ ℝ é a

    norma induzida de uma matriz A precisamos provar que: 1. 2 ≤ 2 , ∀ ∈ ℝ; 2. Que vale a igualdade para algum ∈ ℝ. Segue daí uma propriedade importante da norma: 2 ≤ 2 2 , ∀ ∈ ℝ , ∀ ∈ ℳ ×
  8. Minha filha, lá na scipy.linalg, vimos a função norma, tanto

    para matrizes como para vetores. Esqueceu? Torno a repetir minha pergunta, Mestra. Como eu calculo 2 ?
  9. Conforme já mostrei, na referência do SciPy encontramos os detalhes

    dos parâmetros para usar a função norm( ):
  10. Loirinha, esta é uma das questões mais importantes da Álgebra

    linear computacional. A resposta é a decomposição em valores singulares de uma matriz.
  11. Voltando ao livro do Trefethen, logo no início está a

    decomposição em valores singulares
  12. O teorema da Decomposição em Valores Singulares (SVD): Seja ∈

    ℳ× . Então existem matrizes ortogonais ∈ ℳ× e ∈ ℳ× tais que = Σ , onde Σ = (1 , 2 , ⋯ , ) ∈ ℳ× , com = { , } e 1 ≥ 2 ≥ ⋯ ≥ ≥ 0. Os ′ são chamados de valores singulares. As colunas de U e V são os vetores singulares da esquerda e direita, respectivamente.
  13. Para = 3 e = 2: 11 12 21 22

    31 32 = 11 12 13 21 22 23 31 32 33 1 0 0 2 0 0 11 12 21 22 Para = 2 e = 3: 11 12 13 21 22 23 = 11 12 21 22 1 0 0 0 2 0 11 12 13 21 22 23 31 32 33 Quando = , todas as matrizes serão quadradas. Abaixo mostrei dois exemplos em que ≠ .
  14. O Mestre cortou um gomo da laranja para melhorar a

    visualização. Na realidade uma casca esférica, cortada para olharmos seu interior. A matriz A é diagonal. Note as escalas nos 3 eixos da imagem.
  15. Fiz um programa para calcular a decomposição em valores singulares,

    SVD, de uma matriz A. Depois apliquei-o à matriz do gráfico anterior.
  16. Esta outra matriz A é simétrica. Além de deformar a

    esfera num elipsoide, ela também gira-o entorno da origem!
  17. Para esta matriz A, a esfera vira um disco! Perdemos

    uma dimensão na imagem. Fiz duas fotos para vocês conferirem. Uma de perfil e, a outra, quase de frente.
  18. Também calculei a SVD da minha matriz. Marquei o valor

    do determinante e o tamanho dos semi- eixos do elipsoide. Vejam que tanto o determinante como o valor de um semi-eixo é zero.
  19. Loirinha, repeti seus cálculos para esta última matriz A. Neste

    caso o det() e dois dos valores da SVD de A são nulos.
  20. Vou recordar as definições de autovalores e autovetores: Seja ∈

    ℳ× uma matriz quadrada. Um vetor não-nulo ∈ ℝ é um autovetor de A e ∈ ℂ o autovalor correspondente quando = .
  21. A ideia subjacente a esses conceitos é que: a ação

    de A em determinados subespaços S de ℝ imita a multiplicação por fator de escala, = . Na figura abaixo isto é óbvio, porque a matriz A é diagonal!
  22. Concordo Mestra, no eixo-x (um dos subespaços) temos uma dilatação

    de = 1.5 e no outro (o eixo-y) uma contração de = 0.5.
  23. É, aplicando essa matriz a vetores sobre o eixo-x, o

    resultado é claro. Idem para vetores sobre o eixo-y. Vejam: Vetores sobre o eixo-x continuam no eixo-x 1.5 0 0 0.5 0 = 1.5 0 , só aumentam em 50%. E, vetores sobre o eixo-y continuam sobre o eixo-y 1.5 0 0 0.5 0 = 0.5 0 , só diminuem à metade.
  24. É, mas para esta outra matriz não sei quais são

    os autovalores, nem os autovetores!
  25. Então Loirinha, alguma vezes a matriz A é diagonalizável, isto

    é, existem matrizes , ∈ ℳ × , sendo V inversível e D diagonal, tais que −1 = (ou = −1). Equivalentemente, A é diagonalizável se existir uma matriz ∈ ℳ × , inversível tal que −1 = . D é a mesma.
  26. Pois, = 1 |2 | ⋯ | = 1 2

    ⋯ ] e também = [ 1 1 | 2 2 ⋯ ] Então, da equivalência −1 = ⟺ = segue 1 = 1 1 , 2 = 2 2 , ..., = . Sejam, 1 , 2 , … , as colunas de V, isto é, = 1 |2 | ⋯ | .
  27. Pois, = 1 2 ⋮ = 1 2 ⋮ e

    também = 1 1 2 2 ⋮ . Então, da equivalência −1 = ⟺ = segue 1 = 1 1, 2 = 2 2, ..., = . Sejam, 1, 2, … , as linhas de U, isto é, = 1 2 ⋮ .
  28. Face à igualdade = , os vetores coluna 1 ,

    2 , ⋯ , de V são denominados autovetores à direita de A. E da igualdade = , os vetores linha 1, 2, … , de U são chamados autovetores à esquerda de A.
  29. Uma dica: Assuma que 1 ≠ 2 são autovalores correspondentes

    aos autovetores 1 e 2 . Suponha, por absurdo, que 1 e 2 são LD, isto é 1 = 2 , ≠ 0. Conclua! Autovalores distintos garantem que os auto-vetores correspondentes são linearmente independentes. Prove isto como exercício, Surfista!
  30. Sim Loirinha, e se os autovetores correspondentes forem LI (linearmente

    independentes) o subespaço gerado por eles possuirá dimensão maior que 1. A dimensão desse subespaço é conhecida como multiplicidade geométrica de . Mestres, existe a possibilidade de alguns dos autovalores 1 , 2 , ⋯ , em Λ serem iguais?
  31. O polinômio característico de uma matriz A é definido por

    = det( − ). Ele é um polinômio mônico. Da definição de autovalores e autovetores, é imediato que (prove Loirinha): é um autovalor de A se, e somente se, é uma raiz do polinômio característico de A: = det − = 0
  32. Uma consequência importante desse teorema é que autovalores de uma

    matriz A podem ser complexos, mesmo que a matriz A seja real. Equações polinomiais podem possuir raízes com multiplicidade maior que 1. É a mesma coisa que a multiplicidade geométrica do autovalor?
  33. Não Loirinha, trata-se da multiplicidade algébrica do autovalor . Segue

    daí que uma matriz ∈ ℳ × possui no máximo n autovalores, contadas as multiplicidades algébricas. Se todas as raízes do polinômio característico forem raízes simples, então A possuirá n autovalores distintos.
  34. Podemos provar que: a multiplicidade algébrica de um autovalor é

    maior ou, quando muito, igual à sua multiplicidade geométrica. No caso da multiplicidade algébrica de um autovalor ser maior que sua multiplicidade geométrica, ele é dito defectivo.
  35. Surfista, as matrizes A e B abaixo possuem o mesmo

    polinômio característico, = ( − 2)3. Portanto ambas possuem apenas um autovalor = 2, com multiplicidade algébrica 3. = 2 2 2 = 2 1 2 1 2
  36. Claramente, no caso da matriz A, 1 = 1 0

    0 , 2 = 0 1 0 , 3 = 0 0 1 são autovetores associados a = 2. Assim a dimensão geométrica do autoespaço associado a = 2 é 3. = 2 2 2
  37. = 2 1 2 1 2 É, mas para a

    matriz B só conseguimos um autovetor = 1 0 0 linearmente independente. Assim, a dimensão do autoespaço associado ao autovalor = 2 é 1 e ele é um autovalor defectivo.
  38. Para sacramentar esse papo: Uma matriz A é diagonalizável se,e

    somente se, ela é não defectiva. Em outras palavras: existem matrizes V e , com V inversível e diagonal, tais que −1 = quando, e apenas quando, A é não defectiva.
  39. Estupidamente fácil de usar Mestres, vejam o programinha que fiz.

    Entrei com uma matriz 3x3, e obtive três autovalores distintos e reais.
  40. O mesmo programa. Tornei a entrar com uma matriz real,

    agora 4x4, mas obtive um par de autovalores complexos e dois autovalores reais.
  41. Se A é simétrica, então seus autovalores são reais e

    seus autovetores são ortogonais. Este é um dos resultados mais importantes da Álgebra Linear. Veja a seguir, como ele aparece na scipy.linalg