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Gestão das relações afetivas em situações de humor conversacional

Gestão das relações afetivas em situações de humor conversacional

INPLA - 18° Intercâmbio em Linguística Aplicada - PUC-SP

Letícia Stallone

June 01, 2011
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  1. Gestão das relações afetivas em situações de humor conversacional Projeto

    de doutorado Programa de Pós Graduação em Estudos de Linguagem da Universidade Federal Fluminense – UFF Letícia Rezende Stallone Orientador: Professor Doutor Fernando Afonso de Almeida INPLA PUC-SP Junho de 2011
  2. Da dissertação para a tese • A co-construção do humor

    conversacional em encontros informais: uma perspectiva interacional. (Stallone & Bastos, 2009) Principais considerações • Enquadres superpostos: os sujeitos sociais se valem da superposição de enquadres para imprimir outros desejos e interesses interacionais. • Humor como um enquadre socialmente aceitável de se mostrar a combinação peculiar entre amizade e antagonismo (Coates, 2007).
  3. Primeiras preocupações • Frenemies (Yager, 2002): Evidência da fluidez do

    processo de construção de identidades. • Amigos / Inimigos: não são categorias fixas que operam em oposição. Além de sentimentos de pertencimento e reconhecimento, há sentimentos antagônicos que não correspondem às expectativas acerca das relações próximas. • Será que caminham lado a lado ou “vazam um no outro?” (Rajagopalan, 1998).
  4. Sociointeracionismo Comunicação Circular e orquestrada (Watzlawick, Beavin & Jackson, 1967).

    • As elocuções são tratadas como duplamente contextuais. “(...) context is treated as both the project and product of the participants’ own actions and therefore is inherently locally produced and transformable at any moment (Drew & Heritage, 1992: 19). • Lobolobolobolobolobolobolobolo (Buarque, 1979). • Interesse pelo funcionamento real das trocas comunicativas.
  5. Ferramentas teóricas Humor conversacional → Humores - Mobilização de afeto

    (Caffi, 1999; Traverso, 2000; Ochs & Schieffelin, 1989). • Emoções se localizam nos sujeitos, são experiências intersubjetivas, integradas ao processos relacionais (Kerbrat- Orecchioni, 2000). • “ao mesmo tempo em que constroem juntos um discurso mais ou menos coerente os participantes da troca comunicativa constroem entre si um certo tipo de relação interpessoal: os atos de linguagem constituem um reservatório de “relacionemas” tão diversos quanto determinantes” (Kerbrat-Orecchioni, 2005 p. 83). • Pistas de contextualização (Gumperz, 1982) → Affect keys proporcionam um enquadre afetivo para as interações (Ochs & Schieffelin, 1989).
  6. Afetividade • Afetividade: termo mais amplo, incluem-se sentimentos, humores, disposições

    e atitudes associadas a pessoas e/ou situações (Ochs & Schieffelin, 1989). • Atos emocionais: manifestação espontânea e não- intencional de emoções: fenômeno que se mostra mais facilmente no discurso, adaptadas ao contexto interacional e tributárias de uma gramática sócio-cultural (Rezende & Coelho, 2010). • Relacionamentos próximos também dependem das habilidades dos indivíduos de procurar, reconhecer e responder apropriadamente aos sentimentos de seus interlocutores sobre uma dada situação (Ochs & Schieffelin, 1989 p. 21).
  7. Polidez e civilidade • A vida urbana requer um tipo

    de atividade muito especial e sofisticada (...) uma civilidade que protege as pessoas umas das outras, permitindo, contudo, que possam estar juntas (Bauman, 2000). • A polidez tem como principal função de canalizar o fluxo afetivo, de driblar os desdobramentos emocionais e de desviar a ansiedade e a agressividade. É anti-natural, espontânea e opera como uma forma de altruísmo ao cotidiano (Kerbrat-Orecchioni, 2000).
  8. Envolvimento e expectativa • Envolvimento: um continuum polarizado por marcadores

    de mitigação/não-mitigação que revelam posicionamentos da ordem da polidez ou da espontaneidade. • O conceito de envolvimento, entendido dessa forma, se mostra produtivo para as questões de polidez, pois, opera principalmente nas negociações que implicam cuidados com a face e evidencia distanciamento e aproximação enquanto categorias de afetividade. • Emoção “reação afetiva em relação ao efeito de uma situação inesperada” (Dicionário Larousse In: Kerbrat- Orecchioni, 2000).
  9. Metodologia e tratamento de dados • Gravação em áudio de

    três encontros entre oito amigos na cidade do Rio de Janeiro. • Transcrição e mapeamento dos dados. • Identificação e seleção de segmentos de análise norteada pelos fenômenos que se mostraram mais relevantes para os propósitos da análise: – A ironia (Sperber & Wilson, 1989) – A negociação (Kerbrat-Orecchioni, 2001).
  10. Direcionamentos • Como tratar outros atos de fala, como o

    sarcasmo, a brincadeira, a narrativa humorística? • Como distinguir nas relações próximas o comportamento agressivo do comportamento espontâneo? • Como a agressividade vai se manifestar? • Problematização da noção de envolvimento. • Problematização das identidades que se manifestam dessas trocas entre próximos. • O controle das emoções.
  11. Referências bibliográficas BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Rio: Zahar, 2000. BROWN,

    P. & LEVINSON, S. C. Politeness: some universals in language usage. Cambridge: Cambridge University Press, 1996. CAFFI, C. 1999 On mitigation Journal of Pragmatics 31: 881-909 CAFFI, C. & JANNEY, R. 1994. Towards a pragmatics of emotive communication, Journal of Pragmatics 22: 325-373. COATES, J. Talk in a play frame: More on laughter and intimacy. Journal of Pragmatics 39: 29-49, 2007. DREW, P. & HERITAGE, J. Talk at work: interaction in institucional settings. Cambridge: Cambridge University, 1992. GUMPERZ, J.J. Discourse Strategies. Cambridge University Press: Cambridge, 1982. KERBRAT-ORECCHIONI, C. 2000. Quelle place pour les émotions dans la linguistique du XXe siècle ? Remarques et aperçus. PLANTIN,C. DOURY, M. TRAVERSO, V. Les émotions dans les interactions. Lyon : PUL-ARCI, 33-75. KERBRAT-ORECCHIONI, C. 2001 A noção de “negociação” em análise de conversação: o exemplo das negociações de identidade. Revista Gragoatá v.11, p. 157-176. KERBRAT-ORECCHIONI, C. 2005. Os atos de linguagem no discurso: teoria e funcionamento. Tradução: Fernando Afonso de Almeida e Irene Ernest Dias. Niterói: EdUff, 17-43.
  12. Referências bibliográficas RAJAGOPALAN, K. O conceito de identidade em lingüística:

    é chegada a hora para uma reconsideração radical? In: Signorini, Inês (Org.). Língua(gem) e identidade: elementos para uma discussão no campo aplicado.Campinas, SP: FAPESP/UNICAMP: Mercado de Letras, 1998. REZENDE, C. B ; COELHO, M. C. P. 2010. Antropologia das emoções. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas. OCHS, E. & SCHIEFFELIN, B. 1989 Language has a heart. Text v.9, n.1, p. 7-25 SPERBER, D. & WILSON, D. Les ironies comme mentions. In : Poétique, n. 36, nov. 78 Paris, Seuil. STALLONE, L. R; BASTOS, C. R. P. O humor conversacional entre amigos: uma abordagem interacional. Rio: Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2009. Dissertação de Mestrado. TANNEN, D. 1989. Talking voices: repetition, dialogue, and imagery in conversational discourse. Cambridge: CambridgeUniversity Press. TRAVERSO, V. 2000. Les émotions dans la confidence, In: PLANTIN, C. DOURY, M. TRAVERSO, V. Les émotions dans les interactions, Lyon : PUL-ARCI. 205-223. WATZLAWICK, P.; BEAVIN, J; JACKSON, D. Pragmática da Comunicação Humana. São Paulo: Editora Cultrix, 1967. YAGER, J. 2002 When Friendship Hurts: How to Deal With Friends Who Betray, Abandon, or Wound You. Fieside, UK.