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Negociação de identidades em situações de humor entre amigos

Negociação de identidades em situações de humor entre amigos

ALED - IX Congresso Latino-Americano de Estudos do Discurso

Letícia Stallone

November 03, 2011
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Transcript

  1. Negociação de identidades em situações de humor entre amigos Doutoranda:

    Letícia Rezende Stallone Orientador: Prof. Doutor Fernando Afonso de Almeida 04 de Novembro, 2011
  2. Introdução • Crescente migração de massas, entremesclagem cultural, religiosa e

    étnica. (Rajagopalan, 1998) • Evidência de que o contato social produz possibilidades nunca antes pensadas, problematizando, portanto, a existência de categorias pré-determinadas.
  3. Frenemies • O termo é especialmente associado à relação de

    amizade/inimizade entre mulheres no campo profissional (Apter, 2009), mas diz respeito a questões tradicionais entre amor e ódio: Será que caminham lado a lado como garante o senso comum ou vazam um no outro como afirma Salman Rushdie?
  4. Humor e agressividade • Interpessoalmente agressivo: na forma de sarcasmo,

    chacota, humilhação, etc. É uma forma potencialmente agressiva, pois pode funcionar como controle social. • Interacionalmente agressivo: o próprio ato de introduzir o humor num tópico de conversa “séria” é agressivo. • E pode funcionar como um teste à inteligência, ao conhecimento ou ao pertencimento de grupo. (Norrick, 2008)
  5. Estratégias de Identidades • “as pessoas são em grande medida

    posicionadas em identidades de acordo com sua vinculação dentro de um discurso” (Shotter e Gergen, 1989 In Moita-Lopes, 2003:24). • “já que suas próprias origens estão localizadas dentro do intercâmbio entre as pessoas, dentro do processo de fazer a comunicação cotidiana inteligível”. (Shotter e Gergen, 1989:x) ou não” (Moita-Lopes, 2003:24-25, grifo meu).
  6. Estratégias de Identidades • Discurso é, portanto, concebido como ação.

    A identidade, por sua vez, é tida como um meio para se alcançar um objetivo. • O termo estratégia por si só implica que o indivíduo “não é desprovido de uma certa margem de manobra” (Cuche, 2002:196). É de acordo com aquilo que considera relevante na avaliação da situação que utilizará estrategicamente recursos de identidade. • Segundo Cuche; “na medida em que ela é um motivo de lutas sociais de classificação que buscam a reprodução ou a reviravolta das relações de dominação, a identidade se constrói através das estratégias dos atores sociais” (Cuche, 2002: 196).
  7. Objetivos • mapear a negociação de estratégias de identidades a

    partir da análise de humor conversacional em que a agressividade se mostra presente; • verificar a existência de padrões interacionais acerca das variáveis que são operadas nas fronteiras entre amizade/antagonismo em momentos de humor e • criar inteligibilidade para a emergência de sentimentos antagônicos gerados a partir de enquadres de humor conversacional.
  8. Posicionamento teórico-metodológico • Pressupostos teóricos da Análise da Conversa (AC)

    (Sacks, Schegloff & Jefferson, 1972) e Análise das Categorias de Pertença (ACP) (Sacks, 1992 a,b; Schegloff, 2007). • Assim como a AC, a ACP é de natureza etnometodológica e prioriza a versão êmica: • “São abordagens analíticas que focalizam a fala naturalística dos interagentes como acontece no mundo, a partir das orientações e categorizações desses interagentes e não as do pesquisador” (Sell & Ostermann, 2009: 12).
  9. Análise de Categorização de Pertença • Aparato de recursos e

    práticas operadas na forma como os usos linguísticos são produzidos e geram entendimento (c.f. Sell & Ostermann, 2009). • A ACP demonstra os mecanismos que operam por trás da escolha de uma ou outra forma de identificação, revelando tanto a forma como um indivíduo vê a si mesmo e ao outro, quanto como este indivíduo constrói identidades com o outro. • Esses dispositivos remetem à idéia de maquinaria e constituem uma espécie de matriz geradora (Sell & Ostermann, 2009) que possibilita aos membros fazerem descrições.
  10. Dados de pesquisa • Trata-se de uma pesquisa qualitativa. Os

    resultados representam regularidades ou tendências nos dados. • O grupo a ser analisado é composto por oito participantes, quatro homens e quatros mulheres, cuja faixa etária varia dos 35 aos 55 anos. Os dados são gerados a partir de conversas ocorridas em situações naturais de fala em encontros que ocorrem frequentemente, na casa dos participantes.
  11. Considerações finais • Identidades de amizade e antagonismo são negociadas

    durante o processo de categorização, podendo haver maior ou menor aceitação dos participantes. • As categorizações são perpetuadas e/ou refutadas ao longo da interação. • Algumas variáveis das fronteiras entre amizade/antagonismo são a fonte e o direcionamento do humor, os participantes envolvidos e a filiação daquele a quem o humor é direcionado.
  12. Referências bibliográficas • APTER, T. Why do girls engage in

    those terrible friendship wars http://www.psychologytoday.com/blog/domestic- intelligence/200904/why-do-girls-engage-in-those-terrible-friendship-wars • CUCHE, D. A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru: EDUSC, 2002. • GOFFMAN, E. Frame Analysis. Harper & Row: New York, 1974. • MOITA-LOPES, L. P. (org.) Discursos de identidades. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2003. • NORRICK, N. R. Humor as a resource for mitigating conflict in interaction. Journal of Pragmatics 40: 1661- 1686, 2008 • OLIVEIRA, Maria Luiza; PEREIRA, Maria das Graças Dias. A construção de identidades em bate-papos virtuais em um canal da internet no Brasil. Rio: Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2002. Dissertação de Mestrado. • SACKS, H, SCHEGLOFF, E & JEFFERSON, G. A. Simplest systematic for the organization of turn taking for conversation. In: Language 50: 1974. • SELL, M. & OSTERMANN, A. C. Análise de categorias de pertença (ACP) em estudos de gênero: a (des) construção discursiva do homogêneo masculino. Alfa, São Paulo, 53 (1): 11-34, 2009. • STALLONE, Letícia Rezende; Bastos, Clarissa Rollin Pinheiro. O humor conversacional entre amigos: uma abordagem interacional. Rio: Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2009. Dissertação de Mestrado. • VAN DIJK, T. A, Discourse as social interacion. London, Sage Publications, 1997.