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Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

Apresentação realizada no Seminário Trabalho Digital: A virtualização da luta de classes da Rede Lado.

Taís Oliveira

March 25, 2022
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Transcript

  1. SEMINÁRIO TRABALHO DIGITAL: A VIRTUALIZAÇÃO DA LUTA DE CLASSES Desigualdades

    estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe Me. Taís Oliveira
  2. Uma reflexão das desigualdades estruturais do trabalho não somente por

    plataformas, mas tendo em vista as plataformas como principal meio de obter trabalho e renda; as possibilidades de desenvolver plataformas e outras tecnologias; e o acesso ao setor de tecnologia e inovação.
  3. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira "Já no 3 do Mulherio apresentamos uma série de dados relativos ao lugar da mulher negra na força de trabalho. Ali, a gente constata que, em virtude dos mecanismos de discriminação racial, a trabalhadora negra trabalha mais e ganha menos que a trabalhadora branca, que, por sua vez, também é discriminada enquanto mulher. Vimos que 87% das trabalhadoras negras exercem ocupações manuais, justamente nos setores ou subsetores de menor prestígio e pior remuneração; e que 60% dessas trabalhadoras não têm carteira assinada. Por essas e outras é que a mulher negra permanece como o setor mais explorado e oprimido da sociedade brasileira, uma vez que sofre uma tríplice discriminação (social, racial e sexual)." (GONZALEZ, p. 217) Jornal Mulherio | Ano 2 Nº 7 | Maio-Junho de 1982
  4. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira "Nossa situação atual não é muito diferente daquela vivida por nossas antepassadas: afinal, a trabalhadora rural de hoje não difere tanto da "escrava de eito" de ontem; a empregada doméstica não é muito diferente da "mucama" de ontem; o mesmo poderia se dizer da vendedora ambulante, da 'joaninha', da servente ou trocadora de ônibus de hoje e da 'escrava de ganho' de ontem [...] Ao comemorarmos o 1º de maio, a gente não pode deixar de pensar na situação de desigualdade e inferiorização em que o racismo mantém o trabalhador negro e, sobretudo, a trabalhadora negra desde maio de 1888." (GONZALEZ, p. 218-219) Jornal Mulherio | Ano 2 Nº 7 | Maio-Junho de 1982
  5. Redes Sociais na Internet e a Economia Étnica: um estudo

    sobre o Afroempreendedorismo no Brasil É possível aplicar a Teoria da Economia Étnica na análise do Afroempreendedorismo e elencar as aproximações e distanciamentos entre os dois tópicos?
  6. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira Historicidade da População Negra no Brasil. Identidade Racial na cultura digital. Teoria da Economia Étnica e Afroempreendedorismo no Brasil. Base teórica e conceitual
  7. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira Pressupõe uma rede estratégica para circular negócios, oportunidades de emprego e capacitação técnica entre a comunidade e o reforço e valorização da identidade étnica (BONACICH, 1973; LIGHT, 2003, 2005, 2013; GOLD, 1989; GARRIDO & OLMOS, 2006). Historicidade da População Negra no Brasil. Identidade Racial na cultura digital. Teoria da Economia Étnica e Afroempreendedorismo no Brasil.
  8. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira Historicidade da População Negra no Brasil. Identidade Racial na cultura digital. Teoria da Economia Étnica e Afroempreendedorismo no Brasil. Como afirma Moura (1992), a trajetória da população negra no Brasil confunde-se com a formação histórica e social da própria nação. Marcos históricos: período escravista, pós abolição, políticas de incentivo à imigração (para outros grupos étnicos), comunidades e movimentos negros, políticas públicas de reparação.
  9. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira Historicidade da População Negra no Brasil. Identidade Racial na cultura digital. Teoria da Economia Étnica e Afroempreendedorismo no Brasil. A apropriação da internet, plataformas e tecnologia como suporte para a formação de comunidades e de manifestações a partir do fator racial. Formação de identidade de modo geral (GILROY, 2007; CANCLINI, 2015; CESAIRE apud MOORE, 2010; QUIJANO, 2005; MUNANGA, 2012; GOMES, 2005). Discussões estabelecidas na Black Digital Humanities (GRAY, 2016; GALLON, 2016; FREELON et al (2016a; 2016b; 2018), NOBLE & TYNES, 2016; DANIELS, 2012).
  10. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira Levantamento de perfil e dados qualitativos. Aprofundar informações levantadas no formulário. Compreender as estruturas a partir da representação no ambiente digital. Mapear trabalhos anteriores. Revisão Sistemática Análise de Redes Sociais na Internet Formulário Online Entrevistas Semiestruturadas Metodologia qualitativa com triangulação de métodos (DUARTE, 2009; ROMANCINI, 2011) entre a revisão sistemática, Análise de Redes Sociais na Internet (RECUERO, 2009; BARABÁSI, 2009; RECUERO, BASTOS & ZAGO, 2015; SILVA & STABILE, 2017; RECUERO, 2018), formulário online e entrevista em profundidade.
  11. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira Rede Afroempreendedorismo no Brasil
  12. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira A maioria dos respondentes são mulheres, adultos entre 26 e 41 anos e com grau de escolaridade acima de superior completo. São autônomos formalizados e oferecem serviços. Grande parte tinha um emprego formal anteriormente, porém ainda mantém outras formas de obter renda. Têm foco na temática negra, mas não necessariamente só em clientes negros. Se interessam por movimentos sociais. Período de circulação: 15/4/19 a 09/5/19 141 respostas 69,5% de mulheres Idade entre 26 e 41 anos (58,6%) 29,8% com grau Superior Completo e 22% com Pós-Graduação Completa 58,2% são profissionais autônomos 60,3% oferecem serviços 62,4% tinham um emprego formal 49,6% tem outras formas de obter renda 72,5% são formalizados A formalização de 74,3% é de MEI 73% não tem funcionários Faturam até 5 mil reais/mês (72,3%) 51,1% tem foco em temática negra 51,8% não tem foco em consumidores negros 92,2% tem interesse em movimentos sociais Formulário
  13. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira 85,1% sabem o que é o Black Money; 84,4% mantém contato; 94,3% preferem utilizar serviços ou comprar; 57,4% conhecem pessoas ou organizações. 61,7% afirmam que enfrentam dificuldades em ser um Afroempreendedor. 98,5% afirmam utilizar a internet para atividades de sua empresa. Entre as dificuldades estão a falta de credibilidade com possíveis clientes, fornecedores ou em visitas a lugares, acesso ao crédito bancário e o racismo explícito. Usam internet para o envio de mensagens, redes sociais, para participar de grupos, site ou blog da empresa, pesquisas de mercado e tendências, organização e gestão, reuniões, entre outras. Formulário
  14. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira Entrevista em profundidade • São citados os mesmos problemas em relação ao acesso financeiro, situações de racismo e a descrença em perspectivas ao contexto político; • Há o resgate de valores, representação de identidades, ícones históricos negros e laços afetivos; • Todos apontam a internet e suas ferramentas como essencial para a existência, crescimento e permanência dos negócios; • As mulheres são destaque, os negócios partem de uma problemática racial ou por falta de referência representativas e existe uma aproximação com temas políticos e sociais; • Sobre a luta antirracista ser uma luta anticapitalista, os entrevistados discordam e afirmam que empreendimentos de não negros que estabelecem suas práticas no mesmo sistema, embora concordem que o racismo estrutural é inerente ao capitalismo.
  15. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira Reforço e orgulho identitário; Senso de comunidade; Auto emprego e consumo; Respostas a uma sociedade hostil. Formação da população negra no país. Discurso empreendedor num contexto de pejotização; Necessidade de políticas públicas; Racismo estrutural. Aproximações Distanciamentos Pontos de atenção Teoria da Economia Étnica e Afroempreendedorismo É possível aplicar a Teoria da Economia Étnica na análise do Afroempreendedorismo e elencar as aproximações e distanciamentos entre os dois tópicos?
  16. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira Blackout – Mapa das Startups Negras Questionário online Circulação entre 05/8/21 e 19/9/21 2.571 respondentes A pesquisa tem como propósito realizar análises comparativas para pautar a atuação de setores públicos, privados e terceiro setor em torno dos desafios e oportunidades de construir, manter e melhorar o ecossistema de startups brasileiro.
  17. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira Sobre o acesso a investimentos, o estudo Panorama do Ecossistema de Startups no Brasil aponta que alguns critérios reforçam as disparidades sociais no ecossistema das startups. O estudo apresenta a percepção dos agentes de investimento a respeito de indicações, 67% informam que a indicação de uma startup é muito importante, mas isso também significa que essas indicações geralmente ocorrem a partir da rede pessoal dos envolvidos. Ou seja, pessoas que estudaram em determinadas universidades, que fizeram cursos no exterior, que já trabalharam anteriormente em corporações de certos setores ou outras características que denotam prestígio.
  18. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira Além do aspecto da indicação, o estudo também aponta que a dedicação exclusiva à startup também é um fator decisivo, para 74% desses agentes de investimento a dedicação integral é um requisito obrigatório. Todavia, na pesquisa sobre afroempreendedorismo, quando perguntados aos empreendedores negros se o empreendimento é a única forma de obter renda, 49,6% dos participantes informam que não e 18,4% afirma que ainda trabalham formalmente enquanto mantém as atividades do seu negócio.
  19. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira Levantamento PretaLab O levantamento buscou entender quem são as mulheres negras e indígenas atuando nas áreas de tecnologia e inovação. Sendo tecnologia e inovação o universo que engloba engenheiras da computação, tecnólogas, desenvolvedoras de programas computacionais, gestoras de produtos de tecnologia e web designers, produtoras de conteúdo e ativistas por privacidade, empreendedoras digitais, realizadoras independentes, gambiólogas, cientistas de garagem, aprendizes de Youtube, pesquisadoras, cientistas de dados, etc.
  20. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira A maioria é jovem entre 17-24 anos (36%); Aprendizagem por meios informais; 20% tem filhos. Filhos Idade
  21. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira Pela internet, grupos de identificação, informalmente ou autodidata entre as maneiras de contato com a área.
  22. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira 12,5% não se sentem confortáveis em aprender com homens.
  23. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira Se para muitos trabalhadores a internet é um meio essencial para obter renda, como garantir acesso democrático a toda população? Se para desenvolver organizações inseridas no contexto de tecnologia é necessário investimento, como promover equidade nas possibilidades de acesso ao crédito? Se para o desenvolvimento de um setor que vá além dos padrões hegemônicos, como promover a inserção e a legítima contribuição de pessoas negras, mulheres, indígenas e outras interseccionalidades no ecossistema da tecnologia? Embora com grau educacional maior do que a maioria das nossas ancestrais, ainda há uma enorme disparidade de oportunidades, renda, posições, etc. Como desenvolver um setor livre do racismo e do sexismo? Como discutir e pautar caminhos em relação a precarização dos direitos trabalhistas, a necessidade de assumir diversos trabalhos e a ideia pejotização (empreendedor de si)? Para solucionar todas essas problemáticas, como promover diálogo, compromisso, responsabilização e ações concretas com o setor público, privado e sociedade civil?
  24. Desigualdades estruturais do trabalho por plataformas: gênero, raça e classe

    | Me. Taís Oliveira Referências: BlackRocks Startup & Bain e Company. Panorama do Ecossistema de Startups no Brasil, 2021 . [Link] BlackRocks Startup. Blackout – Mapa das Startups Negras. São Paulo, 2021. [Link] GONZALEZ, Lélia. 2020. Por um Feminismo Afro-Latino-Americano: Ensaios, Intervenções e Diálogos. Rio Janeiro: Zahar, 2020. Olabi. PretaLab Report. Rio de Janeiro, 2018. [Link] OLIVEIRA, Taís. Redes Sociais na Internet e a Economia Étnica: um estudo sobre o Afroempreendedorismo no Brasil. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas e Sociais) – Programa de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal do ABC, 2019. OLIVEIRA, Taís; LIMA, Dulcilei C. Mulheres e tecnologias de sobrevivência: Economia Étnica e Afroempreendedorismo. In SILVA, Tarcízio (org). Comunidades, Algoritmos e Ativismos Digitais: olhares afrodiapóricos. LiteraRua: São Paulo, 2020. SILVA, Tatiana Dias. Mulheres negras, pobreza e desigualdade de renda In: MARCONDES, Mariana Mazzini [et al.] (orgs). Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras do Brasil. Brasília: IPEA, 2013.