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Métodos iterativos estacionários para sistemas ...

Métodos iterativos estacionários para sistemas lineares

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Paulo Bordoni

June 29, 2017
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Transcript

  1. Os conceitos de ponto-fixo e de normas matriciais serão fundamentais

    para o estudo da convergência dos métodos iterativos para sistemas lineares. Vamos rever nosso estudo.
  2. Seja : → uma função definida num espaço métrico M

    . Um ponto ∈ é um ponto-fixo de quando, e só quando, () = . Sim, vamos recordar o que vimos na aula passada: Começando pelo conceito de ponto-fixo:
  3. Também vimos que: uma função : → , um espaço

    métrico, é uma contração quando, e apenas quando, existe uma constante ∈ [0,1) tal que , ≤ , , ∀, ∈ . f () y f () − − () ≤ − com ∈ [0,1) : ℝ → ℝ
  4. Você se lembra Surfista, da sua contração: O ponto-fixo é

    a origem 0, 0 : 3 2 1 0 4 1 2 3 3 2 1 0 1 2 3 4 ↦ 3/4 1 0 0 1
  5. Vimos também que: se : → é uma contração, podemos

    determinar seu ponto-fixo p iterativamente, construindo uma sequência 0 , 1 , … , , … tal que lim →∞ = . Sim, basta definir +1 = ( ), com 0 ∈ .
  6. E ainda a associação entre ponto-fixo e raiz de equação:

    “p é um ponto-fixo de uma função () se, e somente se, p é raiz de () = − ()” E a recíporoca: “r é raiz de uma função se, e somente se, r é ponto-fixo de () = − ()”.
  7. Sim, lembro bem, Mestra: = ⟹ = − = 0

    e também = 0 ⟹ 0 = − ⟹ = E que eu falei: “Deixe a fala do Sherlock por minha conta, Surfista!”
  8. Vejam no programa a seguir. Obteremos o ponto-fixo de uma

    função = () usando o método oferecido pela SciPy. Automaticamente teremos a raiz da equação − = 0. Portanto, poderemos usar o método do ponto-fixo não apenas para achar raízes de equações.
  9. Na realidade, para resolver uma equação () = 0, usando

    o método do ponto-fixo, tudo que precisamos é escrever = () onde é alguma função construída manipulando algebricamente (). Complicou tudo, Filósofo.
  10. Ficou com medo da liberdade, Surfista? Por exemplo, para a

    equação 3 + 42 − 10 = 0, poderemos buscar pontos fixos de: a. = 3 + 42 + − 10 b. = Τ 1 2 10 − 3 c. = − Τ ′ - o método de Newton-Raphson
  11. Construiremos três métodos iterativos, de ponto-fixo, para resolver o sistema

    linear = , conhecidos na literatura como métodos estacionários. Como desejamos achar uma “raiz” da equação vetorial () = 0, onde = − , procuraremos por pontos-fixo de alguma função linear = + obtida através de manipulação algébrica de ().
  12. Para tudo funcionar, precisaremos garantir que a () seja uma

    contração. E como podemos garantir que essa : ℝ → ℝ é uma contração, Mestra?
  13. Para responder tua pergunta, Loirinha apresentaremos antes resultados importantes sobre

    normas vetoriais e matriciais e limites de sequências em ℝ geradas por funções : ℝ → ℝ do tipo = + .
  14. Prova-se que: • 2 = 1 = , onde 1

    é o maior valor singular de • () ≤ , para qualquer norma natural .
  15. Uma matriz A é dita convergente quando lim →∞ =

    0 As afirmações abaixo são equivalentes: 1. A é uma matriz convergente, 2. < 1, 3. lim →∞ = 0
  16. No exemplo houve convergência apesar de = 1, mas é

    facílimo confirmar que se < 1 então A é uma matriz convergente. Sim Mestra! Prova-se que ∙ ≤ ∙ . Segue daí que ≤ e portanto que lim →∞ ≤ lim →∞ = 0 .
  17. Para qualquer 0 ∈ ℝ seja a sequência de vetores

    de ℝ definida por +1 = + , ≥ 0. Então: 1. () é convergente se, e só se, < 1, 2. lim →∞ = , com satisfazendo = + .
  18. Então são válidos os seguintes limitantes superiores para o erro:

    1. − ≤ − 0 , 2. − ≤ 1− 1 − 0 . Assuma que a sequência de vetores definida por +1 = + , ≥ 0, com 0 ∈ ℝ, é convergente.
  19. Para construir a matriz T que define as funções vetoriais

    : ℝ → ℝ para os métodos de Jacobi, Gauss-Seidel e Gauss-Seidel com relaxação, usaremos a seguinte partição da matriz A: = + + onde: 1. é a diagonal da A, 2. L é a parte triangular inferior de A, abaixo da diagonal, 3. U é a parte triangular superior de A, acima da diagonal.
  20. Por exemplo, se = 4 3 −1 1 5 2

    2 3 −7 , então: = 4 5 −7 = 1 2 3 = 3 −1 2
  21. No método de Jacobi a matriz T é definida por

    = −−1( + ) e o vetor c por = −1. No método de Gauss-Seidel a matriz T é definida por = − −1 e o vetor c por = ( − )−1.
  22. Para a matriz A do exemplo, as matrizes e são:

    = − 4 0 0 0 5 0 0 0 −7 −1 0 3 −1 1 0 2 2 3 0 = − 4 0 0 1 5 0 2 3 −7 −1 0 3 −1 0 0 2 0 0 0 = 4 3 −1 1 5 2 2 3 −7 = −−1( + ) = −( + )−1
  23. Afirmamos que: • ponto-fixo de ⟺ solução de = •

    ponto-fixo de ⟺ solução de = Agora, seja : ℝ → ℝ a função definida por = + , onde = para o método de Jacobi e = para o método de Gauss- Seidel.
  24. Assuma que é ponto-fixo da . Então: = = +

    = = −−1 + + −1 Portanto = − + + e + + = isto é = .
  25. Para o método de Gauss-Seidel as contas são muito parecidas

    e também vale a equivalência. Como esses passos podem ser revertidos, vale a volta.
  26. Agora, seja a sequência de vetores de ℝ definida por

    +1 = () para = 0,1,2, … com 0 um vetor qualquer de ℝ. Tanto no caso de Jacobi como no de Gauss-Seidel. Se a : ℝ → ℝ for uma contração essa sequência convergirá. Então, sendo = lim →∞ , teremos que = .
  27. Sim Professor. Vou esclarecer as ideias na próxima transparência. O

    método de Gauss-Seidel com fator de relaxação é uma combinação linear dos métodos de Jacobi e de Gauss-Seidel definida por: = + 1 −
  28. + (1 − ) A ideia combinação linear. Quando: •

    = 0 temos o método de Jacobi, • = 1 temos o método de Gauss-Seidel. Para: • 0 < < 1 fala-se em sub-relaxação, • > 1 fala-se em sobre-relaxação. Jacobi Gauss-Seidel
  29. = 4 0 0 1 5 0 2 3 −7

    −1 0 3 −1 0 0 2 0 0 0 + (1 − ) 4 0 0 0 5 0 0 0 7 −1 0 3 −1 1 0 2 2 3 0 Confirmando na prática: Sejam a matriz do método de Jacobi e a matriz do método de Gauss-Seidel já obtidas. A matriz do método de relaxação é, simplesmente = + 1 − , com ≥ 0. = 4 3 −1 1 5 2 2 3 −7
  30. O mesmo problema, no qual o método de Jacobi não

    convergiu. Também sem convergência para GS; veja o raio espectral da matriz .
  31. O resultado da sobre-relaxação. Note que o ganho com relação

    ao de Gauss-Seidel foi 50%. Já com relação ao de Jacobi foi ~82%.
  32. Os resultados da sub-relaxação. O ganho com relação a Gauss-

    Seidel foi ~ 27%. Já com relação ao Jacobi foi ~75%.
  33. Mestre, e como você conseguiu esses valores de ? Ganhou

    na loteria? Não Loirinha! Usei o programa que eu e a Mestra passaremos a analisar
  34. Na primeira parte, construo as matrizes de Jacobi e de

    Gauss- Seidel, como antes. Depois o Mestre constrói a matriz = + (1 − ) . Para ∈ [0,1] teremos sub- relaxação e para > 1 a sobre- relaxação.
  35. Há vários comentários a efetuar sobre este gráfico. Para comparação

    dos resultados, ampliamos cinquenta vezes o raio espectral, assim a faixa pontilhada horizontal em magenta corresponde a = 1.
  36. Em preto e vermelho temos o gráfico da função :

    0, +∞ → ℝ, ω ↦ (). Para ∈ [0,1] temos a sub-relaxação e nela: • 0 , é o raio espectral de Jacobi (máximo), • 1 , é o raio espectral de Gauss-Seidel (mínimo), marcados com um quadradinho magenta.
  37. Em azul e verde temos o gráfico da função :

    0, +∞ → ℕ, ω ↦ (). Para ∈ [0,1] temos a sub-relaxação e: • 0 é o nº de iterações de Jacobi, • 1 é o nº de iterações de Gauss-Seidel. Também marcados com um quadradinho magenta. O ponto de mínimo na sub-relaxação é 0,63 = 13, nas bolinhas azuis.
  38. Em vermelho temos o gráfico da função ω ↦ ,

    ω > 1, que corresponde à sobre-relaxação. Note que 1.301 … = 0.352 … é mínimo absoluto; depois cresce ilimitadamente.
  39. O gráfico de ω ↦ , ω > 1 está

    em verde. O mínimo absoluto é 1.261 … = 9 iterações. Depois cresce ilimitadamente e lim →2.748… = +∞, caindo a zero para > 2.748 … . O valor limite é atingido quando = 1 ( linha pontilhada magenta horizontal).
  40. Faremos mais um exemplo para ver o que se repete.

    Mestres, os resultados do exemplo anterior se repetem sempre?
  41. Trabalharemos com o sistema linear abaixo, cuja solução é =

    [ 1 1 0 − 1 1 ]. 7 −4 2 0 0 1 6 3 1 0 0 1 0 2 0 1 8 3 0 4 6 3 1 1 5 1 2 3 4 5 = 3 6 −1 −4 3
  42. Agora vou apresentar uma outra forma de implementar os três

    métodos, trabalhando diretamente com as equações.
  43. Na forma de equações o sistema = fica: 11 1

    + 21 1 + 12 2 + a22 2 + 13 3 + 23 3 + ⋯ + 1 = 1 + 2 = 2 ⋮ 1 1 + 2 2 + 2 2 + ⋯ + = Lembro que no método de: • Jacobi a matriz T é definida por = −−1( + ) e o vetor c por = −1. • Gauss-Seidel a matriz T é definida por = − −1 e o vetor c por = ( − )−1.
  44. No caso de Jacobi, em termos das equações do sistema

    = , a igualdade +1 = −1 − + + se escreve, para cada linha = 1, … , : +1 = 1 ෍ =1, ≠ ( − ) . Esta fórmula pode ser obtida seguindo o algoritmo descrito na próxima transparência.
  45. 1. Considere cada uma das equações do sistema ( =

    1, … , ): ෍ =1 = 2. Em cada equação, separe os termos da diagonal: + ෍ =1,≠ = , 3. Passe os termos do somatório para o segundo membro e divida tudo por , obtendo: = ൘ − ෍ =1,≠ , 4. Imponha que os do lado esquerdo dessa igualdade sejam os elementos +1 vetor +1 e os do lado direito os elementos do vetor e pronto: = ൘ − ෍ =1,≠ .
  46. No caso de Gauss-Seidel, a igualdade +1 = ( +

    )−1 − + se rescreve + +1 = − + que, em termos das equações do sistema = , é ෍ ≥ +1 = − ෍ < , = 1, … , . Esta fórmula pode ser obtida seguindo o algoritmo descrito na próxima transparência.
  47. 1. Considere cada uma das equações do sistema ( =

    1, … , ): ෍ =1 = 2. Em cada equação, separe os termos da diagonal: ෍ ≥ + ෍ < = , 3. Passe os termos do 2º somatório para o segundo membro: ෍ ≥ = − ෍ < , 4. Imponha que os do lado esquerdo dessa igualdade sejam os elementos +1 vetor +1 e os do lado direito os elementos do vetor e pronto: ෍ ≥ +1 = − ෍ < . Continua
  48. 1. Da 1ª, calcule 1 +1 por 1 +1 =

    (1 − σ=2 )/11 , 2. Da 2ª, calcule 2 +1 por 2 +1 = [ 2 −( 21 1 +1 + σ =3 ) ]/22 , 3. Da 3ª, calcule 3 +1 por 3 +1 = [ 3 −( σ=1 2 3 +1 + σ =3 ) ]/33 , ⋮ ⋮ ⋮ n. Da nª, calcule +1 por +1 = [ − σ =1 −1 +1 ]/ . Agora, considerando equação por equação:
  49. Desculpe-me, Mestra, mas me atrapalho muito com somatórios. Dá para

    fazer um exemplo numérico simples? Ok, vamos considerar o sistema linear = onde: = 4 3 −1 1 5 2 2 3 −7 e = 0 13 −10 .
  50. Repetindo as equações do sistema para facilitar: ൞ 41 +

    32 − 3 = 0 1 + 52 + 23 = 13 21 + 32 − 73 = −10 Seguindo o algoritmo, no caso de Jacobi, obtemos: 1 +1 = [0 −(32 − 3 )]/4 2 +1 = [13 −(1 + 23 )]/5 3 +1 = [−10 −(21 + 32 )]/(−7)
  51. Tornando a repetir as equações do sistema para facilitar: ൞

    41 + 32 − 3 = 0 1 + 52 + 23 = 13 21 + 32 − 73 = −10 E, no caso de Gauss-Seidel, obtemos: 1 +1 = [0 −(32 − 3 )]/4 2 +1 = [13 −(1 +1 + 23 )]/5 3 +1 = [−10 −(21 +1 + 32 +1)]/(−7)
  52. É importantíssimo. O motivo fundamental é que assim, apenas os

    coeficientes não-nulos da matriz A são utilizados. Isto nos remete ao estudo métodos numéricos para matrizes esparsas. Um assunto para o futuro.