2024, divulgado na 5ª feira (22.fev.2024), ainda não pode ser tomado como uma tendência de alta robusta na arrecadação, como alertam os próprios porta-vozes da Receita Federal. Serve, porém, para dar uma ideia, com o exemplo vivo de números concretos, da forma como se poderia obter uma virada nas contas públicas, rumo a um ajuste mais firme e duradouro. Há agora mais sinais de que isso seria possível, sem estrangular os gastos públicos, com a reversão de parte dos monumentais gastos tributários —renúncias ou deduções fiscais— que, por questões de justiça tributária ou impacto econômico reduzido, representam ônus pesados para a sociedade. O volume arrecadado no mês passado, R$ 280,6 bilhões, é recorde absoluto. O volume arrecadado no mês passado, R$ 280,6 bilhões, é recorde absoluto. Nunca a receita mensal do governo federal chegou nesse nível, desde que a série teve início, quase 30 anos atrás, em 1995. Parte do incremento veio de receitas “atípicas”, por exemplo, recolhimento de impostos de fundos exclusivos, que antes não eram taxados, e alguns titulares anteciparam pagamentos porque o governo deu incentivos para isso. Também contribuiu a reoneração dos combustíveis, que haviam sido dispensados de impostos naquele esforço do ex-presidente Bolsonaro de driblar a inflação e cabalar votos nas eleições presidenciais de 2022. Aos trancos e barrancos. Volume recorde de receitas federais em janeiro dá uma ideia da virada que pode acontecer nas contas públicas, escreve José Paulo Kupfer.