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[AES_30] Priscila Simões

[AES_30] Priscila Simões

Escola da Cidade

April 08, 2015
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  1. UM NOVO PROFESSOR PARA UM NOVO ALUNO Como reestruturar as

    estratégias de planejamento, ensino e avaliação Priscila Simões Abril 2015
  2. QUEM É “O NOVO ALUNO” • As instituições privadas são

    responsáveis pela matrícula de mais de 2/3 de todos os alunos pertencentes à classe C no ensino superior brasileiro; • É um aluno que trabalha durante o dia e estuda à noite: custeia a própria faculdade, é o responsável ou auxilia no orçamento doméstico; • A maioria escolhe a instituição por localização e preço; • Quase metade deles tem idade acima da faixa etária universitária (18 a 24 anos).
  3. QUEM É “O NOVO ALUNO” • Maioria cursou ensino médio

    em escolas públicas: têm sérias deficiências de formação pregressa; • Consegue ingressar no ensino superior dada à baixíssima seletividade existente na maioria das IES privadas; • Em suas famílias, pertencem à primeira geração que tem acesso ao ensino superior (escolaridade dos pais é baixa). Por conta disso, o curso superior tem alto valor simbólico para ele e para sua família: visto como superação.
  4. O CASO UNIÍTALO • Gestão educacional e avaliação; • Gestão

    da qualidade; • Estratégia;  Como medir e acompanhar os indicadores de qualidade da área acadêmica e não ser surpreendido com um eventual resultado negativo na avaliação realizada pelo MEC (Enade)?
  5. O CASO UNIÍTALO - RELEMBRANDO • Além dos indicadores oficiais

    (Enade, IGC, IDD, CPC, CC, CI):  CPA  Pesquisa de satisfação do aluno com a IES  Pesquisa de satisfação do aluno com os professores  Prova de Nivelamento  Avaliação Pedagógica Interdisciplinar (API)  Sistema de avaliação (NI, NII e NIII, sendo NII prova “padronizada”, respondendo por 60% da nota do aluno na disciplina)
  6. O CASO UNIÍTALO • Se fossemos abordá-lo sob a perspectiva

    da gestão educacional e avaliação:  A decisão entre aspectos a avaliar  O custo/benefício da implantação de uma nova sistemática de avaliação da qualidade ou da alteração dos sistemas existentes  Qual abordagem teórica utilizar acerca da avaliação  Os procedimentos operacionais envolvidos na busca da qualidade.
  7. O CASO UNIÍTALO • Se fossemos abordá-lo sob a perspectiva

    da estratégia:  Posicionamento competitivo  Relação entre custo e qualidade  Relação entre custo e diferenciação  Mercados existentes no ensino de nível superior e a escolha do UniItalo.
  8. O CASO UNIÍTALO Gestão da qualidade • O conceito de

    qualidade em serviços e, especialmente, na educação; • Cunho essencialmente intangível, sem qualquer associação a um produto físico • Há uma complexidade grande ao analisar a qualidade na prestação de serviços:  Variabilidade ou heterogeidade da prestação  Inseparabilidade (produção e consumo ocorrem simultaneamente)  Perecível (sem possibilidade de estocagem)  Intagibilidade (não podem ser provados, sentidos, antes de serem consumidos)  Atendimento às exigências do cliente ou adequação ao uso.
  9. DISCUSSÃO DO CASO • Formem grupos com 6 pessoas •

    Os grupos terão 15 minutos para discutir o caso, a partir das questões levantadas • Cada grupo deve apresentar uma síntese/conclusão/propostas em CINCO MINUTOS
  10. QUESTÕES PARA A DISCUSSÃO • A qualidade pode ser mensurada

    a partir de muitas abordagens e variáveis, tanto de forma quantitativa como qualitativa. Como mensurar a qualidade em educação? Qual abordagem é melhor? • Em termos operacionais, como medir o nível de aprendizagem dos alunos? Como mensurar o impacto de um curso em relação aos alunos? • Em termos de manutenção da qualidade de um processo, como garantir um nível de qualidade desejado ao longo do tempo? • Como garantir que os processos de avaliação sejam acompanhados de ações que, embasadas nas conclusões da avaliação, possam propor soluções para a questão avaliada? • É possível (e desejável) um conceito “absoluto” de qualidade no contexto educacional? • Como evitar que a avaliação não seja calcada em uma única fonte? • Como o UniÍtalo irá se diferenciar em qualidade? Deve adotar outros instrumentos? Outra abordagem? Recomendações.
  11. AULAS EXPOSITIVAS Aulas expositivas são o modelo predominante. No método

    expositivo:  Experts transmitem informação  O aluno grava e lembra dessa informação • Os alunos fazem muito pouco; • Rapidamente esquecem muito do que “aprenderam”; • Eles aprendem o que pensar, mas não como pensar; • Cada vez mais, aulas expositivas são feitas online. • Os papéis dos docentes e dos alunos são simples; • É um método eficiente para transferência de informação. Vantagens Desvantagens
  12. DEFINIÇÃO DO MÉTODO DE ESTUDO DE CASOS • Os alunos

    aprendem tentando solucionar problemas, geralmente por meio de discussões; • A responsabilidade pelo aprendizado troca de lugar; • Interdependência entre os papéis dos docentes e dos alunos:  Os docentes precisam que os alunos participem  Os alunos precisam que os docentes guiem seu pensamento e questionamento
  13. O QUE OS CASOS FAZEM? O método de estudo de

    casos necessita de um ponto de partida que atenda a determinados requisitos Requisito Função Informação Narrativa de uma uma situação real do mundo Instabilidade Uma questão que pede entendimento e ação Ambiguidade As conclusões não são dadas
  14. UM CASO É... • Uma simulação verbal do mundo real

    • Fundamentalmente ambíguo • Aberto a diferentes interpretações
  15. ALTERNATIVAS • Você não precisa de um caso formal •

    Você pode usar material do mundo real
  16. POR QUE UTILIZAR O MÉTODO DE ESTUDO DE CASOS? •

    Mundo real trazido para dentro da sala de aula; • Depois de formados, onde os alunos terão de pensar e agir? • Você pode ensinar seus alunos a pensar? • Eles têm que fazer isso por si mesmos • Casos ajudam os alunos a aprender como se pensa treinando o pensamento.
  17. COMO CONSTRUIR UM CASO • Indifique uma questão que precisa

    de resolução • Reúna informações relevantes • Considere essa informação em relação à questão • Faça juízo sobre seu significado • Avalie o julgamento em relação a outras perspectivas
  18. INOVAÇÃO NA SALA DE AULA: METODOLOGIAS ATIVAS • Estudos de

    Casos • Peer Instruction (Ensino just-in-time) • Team-Based Learning (TBL) • Ensino Baseado em Problemas (PBL) • Pedagogia de Projetos • Reflective Journaling • Artigos de um minuto (one- minute paper) Sala de aula TEAL no MIT. Technology Enabled Active Learning: um formato de ensino que mescla exposição do professor, simulações e experimentos práticos, realizados pelos alunos em grupos.
  19. POR QUE UTILIZAR METODOLOGIAS ATIVAS? • Seus alunos estão prestando

    atenção às aulas expositivas? • Seus alunos estão distraídos? • As metodologias ativas envolvem os alunos e fazem eles estarem realmente presentes: isso produz aprendizagem; • As metodologias ativas treinam os alunos em comunicação oral ou escrita: discussões, apresentações, debates, tarefas e trabalhos por escrito; • As metodologias ativas treinam os alunos para o trabalho em equipe.
  20. TEORIA DA APRENDIZAGEM 1. O conhecimento prévio dos alunos pode

    ajudar ou atrapalhar o aprendizado. 2. A forma como os alunos organizam o conhecimento influencia como eles aprendem e aplicam o que sabem. 3. Motivação dos alunos determina, dirige e sustenta o que eles fazem para aprender. 4. Para desenvolver o domínio, os alunos devem adquirir habilidades, praticar a integração entre elas e saber quando aplicá-las. 5. A prática direcionada a determinado objetivo juntamente com o feedback direcionado melhora a qualidade da aprendizagem dos alunos. 6. O atual nível de desenvolvimento dos alunos interage com o clima social, emocional e intelectual do curso/disciplina e os dois aspectos combinados impactam o aprendizado. 7. Para tornar-se aprendizes autônomos, os alunos devem aprender a monitorar e ajustar as suas abordagens à aprendizagem.
  21. METOTOLOGIAS ATIVAS E TEORIA DA APRENDIZAGEM • Aprendizagem baseada em

    problemas  Mundo real, instável, ambíguo  Nem sempre há uma solução objetivamente correta • Centrado no estudante  Os alunos resolvem o problema e são responsáveis pelo próprio aprendizado  Aprendem a pensar pensando e expondo seu pensamento aos outros
  22. METOTOLOGIAS ATIVAS E TEORIA DA APRENDIZAGEM • Baseado no desenvolvimento

    de competências  Auxiliam os alunos a desenvolver acapacidade de lidar com situações do mundo real em diversas áreas • Estímulo para o pensamento crítico  Os alunos constroem o significado de uma situação baseados em fatos, utilizando conceitos e ferramentas adequadas
  23. METOTOLOGIAS ATIVAS • Cultura institucional: disponibilidade para a mudança; •

    Estrutura física das salas de aula (carteiras, iluminação, tamanho); • Leitura prévia e compromisso dos alunos com a fase pré-aula; • Participação dos alunos e engajamento durante a aula em discussões; • A dedicação do professor; • Eleição conceitual dos temas a serem tratados em sala de aula, a partir dos objetivos de aprendizagem; • O tempo empregado para a preparação das aulas; • Sensação de perda de autoridade ou controle por parte do docente; • Desconhecimento das metodologias por parte dos docentes.
  24. COMO VENCÊ-LOS • Capacitar os docentes (têm muito conhecimento em

    suas áreas específicas, mas frequentemente são educadores bem- intencionados e amadores); • Alterar a estrutura física de algumas salas de aula; • Promover o estudo teórico das metodologias ativas de aprendizagem por, pelo menos, um grupo dentro da IES; • Estabelecer um período de transição; • A transição de cursos totalmente baseados em aulas expositivas para aqueles que usam intensamente as metodologias ativas requer tempo, prática e paciência.
  25. MUDANÇAS • Na organização curricular • Na forma como ensinamos

    (e avaliamos) OPORTUNIDADES PARA OS DOCENTES • Dimensão individual • Crenças • Atitudes • Conhecimento • Capacitação QUADRO INSTITUCIONAL FAVORÁVEL • Dimensão institucional • Planejamento e Avaliação • Condições favoráveis (cultura/valores) • Sucessos iniciais (ainda que numa dimensão pequena)
  26. COMO ENSINAR E AVALIAR DIFERENTE A etapa mais importante do

    processo de ensino é o planejamento. É ele que definirá os conteúdos a serem trabalhados, as metodologias utilizadas e as avaliações realizadas.
  27. PLANEJAR É DEFINIR COMPETÊNCIAS • Não tenha a pretensão de

    “dar tudo”. Ensine seu aluno a buscar informação e discernir o que é relevante do que não é, o que é fonte confiável; • Não precisamos mais de acumuladores de dados, mas sim de gestores de informações; • As competências que se quer desenvolver norteiam a seleção dos conteúdos e a distribuição deles nas disciplinas; • Competências X conteúdos e disciplinas: um pseudo-conflito; • Para atingir determinados objetivos, é necessário mobilizar conhecimentos, conteúdos... • Disciplinas e seus conteúdos são meios; • Competências são fins.
  28. COMO DEFINIR COMPETÊNCIA? 1 Deve estar em torno de um

    objetivo. (O que os alunos deverão saber fazer: concreto ou abstrato). Competência = mobilização (conteúdo + habilidade + atitude) 2 Dentro de um certo contexto e sob determinadas Condições. (Quais cenários, segmento, cultura, setor, com quais padrões de acertos, prazo, qualidade, resultado). 3 A competência precisa ser passível de avaliação 4 A competência precisa ser útil, necessária para a sociedade
  29. Objetivo Condição Contexto Elaborar planos de negócios... ...adequados às atividades

    das organizações... ...para pequenas e médias empresas. HABILIDADES Inovação Visão de negócios Cálculo matemático CONHECIMENTOS Matemática Financeira Marketing Estratégia ATITUDES Espírito empreendedor Determinação Resiliência Avaliação Elabore um plano de negócios Utilidade Necessidade de mercado
  30. TEMOS, ASSIM, TRÊS ELEMENTOS IMPORTANTES NA CONSTRUÇÃO DE UMA COMPETÊNCIA:

    Objetivo Condição Contexto “O que os alunos deverão saber fazer?” “Quais prazos, padrões, qualidades, resultados?” “Quais cenários, segmentos, culturas, setores?” Elaborar planos de negócios... ...adequados às atividades das organizações... ...para pequenas e médias empresas. Aliviar a sensação de dor em pacientes... ...sem utilizar medicamentos... ...em hospitais e clínicas da rede pública. Elaborar uma pauta de redação em um jornal... ...para veículos da mídia impressa. Exemplos... ...no prazo regular de fechamento...
  31. Isso é uma competência: • Elaborar planos de negócio. Isso

    não é uma competência: • Dominar os conceitos necessários para a elaboração de planos de negócio. verbo no infinitivo EXEMPLOS DE COMO REDIGIR COMPETÊNCIAS
  32. Isso é uma competência: • Aliviar a sensação de dor

    em pacientes. Isso não é uma competência: • Conhecer as principais técnicas de combate à dor em pacientes. verbo no infinitivo EXEMPLOS DE COMO REDIGIR COMPETÊNCIAS
  33. COMO ORGANIZAR A AULA Se a competência é: • Elaborar

    planos de negócio Em minhas aulas terei de, necessariamente: • Ensinar, sim, os conceitos necessários para a elaboração de planos de negócios (uma série de aulas expositivas, exercícios, estudos de caso, etc.) Isso é conhecimento prévio, imprescindível para o desenvolvimento da competência, mas não garante que o aluno saberá elaborar o plano Nessa atividade reside a verdadeira competência. Se o aluno não for colocado em situações nas quais ele tenha de exercitar aquilo, ele não será efetivamente capaz de elaborar planos de negócio + • Uma vez dominados os conceitos, colocar o aluno em uma situação-problema na qual ele tenha que, de fato, elaborar um plano
  34. COMO ORGANIZAR A AULA Se a competência é: • Elaborar

    planos de negócio Em minhas aulas terei de, necessariamente: • Ensinar, sim, os conceitos necessários para a elaboração de planos de negócios (uma série de aulas expositivas, exercícios, estudos de caso, etc.) + • Uma vez dominados os conceitos, colocar o aluno em uma situação-problema na qual ele tenha que, de fato, elaborar um plano Aqui o protagonista é o professor e o aluno é coadjuvante Aqui o protagonista é o aluno e o professor é um facilitador
  35. E NA HORA DE AVALIAR? • A avaliação não pode

    ser um acerto de contas; • A avaliação deve voltar-se para verificar a aprendizagem significativa de conteúdos relevantes; • Os objetivos devem ser bem definidos; • A linguagem deve ser clara e precisa.
  36. E NA HORA DE AVALIAR? Se a competência é: •

    Elaborar planos de negócio Na prova é até possível perguntar especificamente sobre a compreensão dos conceitos necessários para a elaboração de planos de negócios (especialmente aqueles que forem chaves) + • Também na avaliação terei de simular uma situação problema na qual ele tenha de elaborar, se não o plano todo, pelo menos pedaços fundamentais
  37. E NA HORA DE AVALIAR? Nesse contexto ganham forças: •

    Avaliações mais complexas (não necessariamente com questões que exijam respostas dissertativas, mas perguntar apenas “o que é” não dá conta de avaliar o desenvolvimento das competências); • Avaliações que possam ser realizadas em dupla ou grupos; • Avaliações que não sejam apenas provas; • Avaliações com consulta; • Avaliações realizadas em etapas; • Avaliações que envolvam mais de uma disciplina (já que situações-problema são, por natureza, interdisciplinares); • ou seja, nossas provas devem ficar cada vez mais parecidas com o Enem e o Enade.
  38. Depois de muito dano causado aos índios norte americanos, certa

    vez os brancos lhes ofereceram suas escolas para lá estudarem os jovens índios. Após um tempo, o chefe dos índios enviou a seguinte mensagem aos brancos:
  39. “Agradecemos de todo coração, mas muitos de nossos jovens se

    formaram em suas escolas. Quando voltaram para nós, eram maus corredores, ignorantes da vida na floresta e incapazes de suportar o frio e a fome. Não sabiam caçar, matar o inimigo ou construir uma cabana. A nossa língua, falavam muito mal. Eram, portanto, inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros...”
  40. “...Embora não possamos aceitar a sua oferta e demonstrando nossa

    gratidão, oferecemos aos senhores de Virgínia que nos enviem alguns de seus jovens, que lhes ensinaremos tudo que sabemos e os faremos homens.”