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Integração numérica e o L2(a,b)

Integração numérica e o L2(a,b)

Por efetuar

Paulo Bordoni

June 02, 2014
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  1. Na exposição da MatPlotLib, mostramos a “regra trapezoidal”, tanto a

    simples como a composta. A integração (numérica) é um tópico tradicional em Cálculo Numérico.
  2. A definição de integral (de Riemman) é um belíssimo exemplo

    do poder dos conceitos de supremo e ínfimo. Vamos entender, de uma vez por todas, o que é essa integral.
  3. = 0 +1 = , , f Dada uma função

    ∈ ℬ[, ] e dada uma partição = { = 0 < 1 < … < = } de , , para cada subintervalo , +1 dela, consideramos as áreas ∆ e ∆ , onde ∆ = +1 − e nas quais: , = inf , ∈ , +1 , = sup , ∈ , +1
  4. , = =0 −1 , ∆ Soma superior Em seguida,

    consideramos as somas: , = =0 −1 , ∆ Soma inferior
  5. 4 5 6 7 8 1 2 3 f 4

    5 6 7 8 1 2 3 f , = =1 ( )∆ Soma superior , = =0 −1 ( )∆ Soma inferior Para ajudar o entendimento, quando f é monótona crescente e contínua, como na figura:
  6. Quando, na desigualdade acima, ocorre a igualdade, dizemos que f

    é Riemann integrável em [, ] e que = sup{ (, ) ∈ [, ] } Não é muito difícil provar que sup{ (, ) ∈ [, ] } ≤ inf { (, ) ∈ , }, onde , é a coleção de todas as partições do intervalo [, ].
  7. ... Leibniz, diferentemente de Newton, usava a integração como uma

    soma, de uma maneira bastante parecida à de Cavalieri. Daí vem o símbolo - um 's' longo - para representar summa . Segundo ele, "represento a área de uma figura pela soma das áreas de todos os retângulos infinitesimais definidos pelas ordenadas e pelas diferenças entre as abscissas... e portanto eu represento em meu cálculo a área da figura por ". ... http://ecalculo.if.usp.br/historia/historia_integrais.htm O símbolo de integral é um S estilizado, S de Soma!
  8. O cálculo da soma inferior e da soma superior para

    uma função monótona crescente para partições uniformes de 50 a 60 pontos.
  9. Prova-se que toda função monótona (crescente ou decrescente) é Riemann

    integrável. Prova-se também que toda função contínua é Riemann integrável. Prova-se que ∈ ℬ[, ] é Riemann integrável se, e somente se, dada uma precisão > 0, existe uma partição ∈ [, ] para a qual , − , <
  10. O código só muda onde marquei. Bem mais eficiente. Usou

    menos da metade dos pontos para a mesma função, intervalo e precisão.
  11. O grau de precisão de uma fórmula de integração numérica

    é o maior inteiro N para o qual ela integra = de forma exata, para = 0,1, ⋯ , . É Mestra, comprovei que a regra trapezoidal tem grau 1 de precisão e, o que achei incrível, que a regra de Simpson tem grau 3.
  12. Uma regra de quadratura é uma fórmula de integração aproximada

    de uma função () através de alguma função de ponderação (). São fórmulas do tipo: −1 1 ≅ =1 ( )
  13. Ponderar: considerar o que é importante. Quando você vai adquirir

    algum bem, p/ex. uma casa, você pondera diversas coisas para efetuar a compra. O coeficiente de rendimento, CR, no seu histórico escolar é uma média ponderada das notas de cada disciplina. Os pesos são proporcionais à carga horária de cada disciplina, para valorizar as disciplinas com maior carga horária.
  14. Nas regras trapezoidal e Simpson, os pontos são distribuídos uniformemente

    (todos com o mesmo peso). A quadradura gaussiana é uma regra de quadratura construída para produzir um resultado exato para polinômios de grau 2 − 1 ou menor mediante uma escolha apropriada dos pontos e pesos para = 1, ⋯ , .
  15. Hoje começaremos a estudar um dos tópicos mais importantes da

    Álgebra Linear e da Análise Numérica. Os espaços ℒ2(, ).
  16. Em outras palavras, ℒ2(, ) é o espaço das funções

    : , → ℝ tais que 2 ∈ ℝ. Para enfatizar o aspecto fundamental: a 2 é integrável, i.é, 2 é um número real. Os elementos do espaço (vetorial) ℒ2(, ), são as funções de quadrado integrável.
  17. De onde segue que, para , ∈ ℒ2[, ] .

    ≤ 2 + 2 . Das relações 2+2 + 2 = + 2 ≥ 0 2+2 − 2 = − 2 ≥ 0 , segue que . ≤ 2 + 2
  18. A função , ∶ ℒ2(, ) × ℒ2(, ) →

    ℝ, definida por , = . é um produto interno em ℒ2(, ). É muito fácil provar essa afirmação do Sherlock Surfista.
  19. Tudo que você tem que fazer é provar que para

    , , ℎ ∈ ℒ2(. ) e ∈ ℝ valem: i. + , ℎ = , ℎ + , ℎ ii. , = , iii. , = , iv. , ≥ 0 e , = 0 ⇒ = 0
  20. E como no caso geral, que já vimos antes, segue

    daí que 2 = , é uma norma em ℒ2(, ) .
  21. Assim como o produto interno , é uma “tradução” para

    , ∈ ℒ2(, ) do produto interno , para , ∈ ℝ. Essa norma é a “tradução” para ℒ2(, ) da norma euclidiana 2 = 1 2 + 2 2 + ⋯ + 2 em ℝ.
  22. Surfista, então quando calculamos 0 1 para duas funções f

    e g conhecidas, o número obtido corresponde ao produto interno delas em ℒ2(0,1) ? Sim Loirinha! Vou fazer um programa para calcular , =
  23. Meu programa calcula , = − com precisão de 8

    casas decimais, mostra os gráficos de f, g e de , como área.
  24. Para = , = cos() o produto interno é ,

    = 0. Como a função produto f g é uma função ímpar, eu nem precisava ter usado seu programa, Surfista.
  25. Meu programa também calcula 2 = , = − ()2

    . Para = () obtive 2 2 = , = , i.é, 2 = .
  26. Fiz o cálculo para = sen(2) e também obtive 2

    = . Será um resultado geral?
  27. Vocês dois acabaram de mostrar que 2 = 2 =

    ℎ 2 = para = , = (2) e ℎ = (3). E, de fato Loirinha, é um resultado geral.
  28. , = − () = 0 ≠ = (∗) ,

    = − () = 0 ≠ = , = − () = 0, ∀, ∈ ℕ 1 2 3 As funções • () para = 0,1,2, … e • () para = 1,2, … são funções de ℒ2[−, ] e satisfazem: (∗) Para = = 0, troque por 2. Os resultados que vocês obtiveram podem ser generalizados para:
  29. Surfista, para provar a afirmação da Mestra, utilize as identidades

    trigonométricas • + = cos + sen (), • cos + = cos cos − (). E também que o produto de funções pares e ímpares obedece as regras correspondentes para números pares e ímpares .
  30. O conjunto = 0 , , , = 1,2, …

    de funções definidas no intervalo [−, ] por • 0 = 1 2 , • = 1 , = 1,2, … , • = 1 , = 1,2, … , é um conjunto ortonormal em ℒ2(−, ), sua base canônica. Os resultados expostos pelos professores e alunos podem ser resumidos no enunciado (importantíssimo!):
  31. Mestra, se é uma base, então poderemos expressar funções de

    ∈ ℒ2(−, ) como combinações lineares de elementos de ? Com certeza podemos afirmar que combinações lineares desses vetores básicos são elementos de ℒ2(, ).
  32. Certo Mestra, mas afirmação da Loirinha é bem mais forte

    que a sua. Sempre atento, Sherlock; você está coberto de razão. Para esclarecer a pergunta da Loirinha precisaremos entender as séries de Fourier.
  33. É neste exato momento que passaremos a nos aproveitar do

    fato que ℒ2(, ) é o herdeiro natural dos espaços euclidianos ℝ.
  34. / () Um conceito fundamental nos espaços euclidianos ℝ é

    o de projeção ortogonal de um vetor u em um vetor v: = , .
  35. Por exemplo, se 1 , 2 é a base canônica

    de ℝ2 e = 1 1 + 2 2 então 1 = , 1 2 = , 2 1 2 1 2
  36. Físicos e engenheiros costumam dizer que a expressão = 1

    1 + 2 2 informa que: “v é composto de tantas partes de 1 mais tantas partes de 2 “. Portanto a dosagem (1 , 2 ) é medida por , 1 e , 2 .
  37. Surfista, bebidas alcoólicas estão proibidas no curso! Em outras palavras,

    ∙ , ∙ é um aparelho medidor de doses – um dosador!
  38. Portanto, para descobrir a dose de oscilação, na frequência 3,

    de uma ∈ ℒ2(−, ), basta calcular , 3 = 1 − 3 .
  39. Um dos problemas relevantes resolvidos por projeções, é o problema

    a seguir, de proximidade. − () No espaço euclidiano ℝ3, o vetor do plano x-y mais próximo de um vetor v é a sua projeção em x-y.