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Pós-modernidade

 Pós-modernidade

Andres Kalikoske

February 10, 2016
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Transcript

  1. Quando patinamos sobre o gelo fino, a segurança está em

    nossa velocidade Ralph Waldo Emerson (1803-1882) PERSPECTIVAS SOBRE A PÓS-MODERNIDADE
  2. Grande parte da culpa pela nossa miséria é proveniente do

    que chamamos de cultura Sigmund Freud (1856-1939) PERSPECTIVAS SOBRE A PÓS-MODERNIDADE
  3. A reprodutibilidade técnica é responsável pela ausência de aura na

    fruição da arte Walter Banjamin (1892-1940) PERSPECTIVAS SOBRE A PÓS-MODERNIDADE
  4. O momento atual é de incredulidade em relação às metanarrativas

    explicativas do mundo Jean-François Lyotard (1924-1998) PERSPECTIVAS SOBRE A PÓS-MODERNIDADE
  5. Vivemos tempos líquidos, nada é feito para durar. As relações

    são liquidificados: escorrem por entre os dedos feito água Zygmunt Bauman (1925-2017) PERSPECTIVAS SOBRE A PÓS-MODERNIDADE
  6. A urbanização, o fim das demarcações entre direita e esquerda

    e a constituição de uma nova esfera pública com as redes sociais são sintomas da pós-modernidade Anthony Giddens (1938) PERSPECTIVAS SOBRE A PÓS-MODERNIDADE
  7. Na sociedade em rede aparece o fenômeno da ‘mass self

    communication’, onde o usuário produz e se torna o conteúdo Manuel Castells (1942) PERSPECTIVAS SOBRE A PÓS-MODERNIDADE
  8. Modernidade (da Renascença ao Iluminismo) • Antropocentrismo: emancipação do homem,

    que olha em primeiro lugar para si e analisa seu lugar no mundo; • Individualidade: desmantelamento da consciência coletiva e triunfo da consciência individual; • Identidades, no plural: possibilidade de construção da identidade; • Desvinculação da tradição e dos costumes; • Perda de força das autoridades religiosas; • Autoconhecimento: Freud e a Psicanálise; a descoberta do inconsciente; • Racionalidade: razão e ciência passam a ditar as regras da vida social; • Conhecimento: o poder da educação em libertar o homem de sua fragilidade ante a natureza e da escravidão social; • Ideia de progresso, crença em verdades absolutas e racionalidade; DA MODERNIDADE À PÓS-MODERNIDADE
  9. • Mal-estar na civilização (Freud): identificação de que o projeto

    civilizatório da modernidade está em crise; • Incerteza e insegurança: incredulidade diante das grandes narrativas da modernidade (Lyotard), que professavam verdades universais, absolutas ou definitivas; • Crise do real: nada pode ser conhecido com certeza, pois todos os fundamentos do conhecimento tiveram sua credibilidade abalada; • Desesperança: declínio de ideologias, que não se concretizam ou se afastam de suas raízes; que já não influenciam multidões; • Relativismos: a verdade nada mais é do que uma interpretação e nada pode ser absolutamente provado; a realidade está em constante construção, está em aberto; • O conhecimento científico é um discurso que se transformou em mais um jogo de linguagem; • Aceitação do capitalismo e seus processos excludentes. DA MODERNIDADE À PÓS-MODERNIDADE
  10. Pós-modernidade (da sociedade industrial ao mundo contemporâneo) • Estratificação social:

    feministas, homossexuais, negros, judeus, etc; • Sociedade do consumo: papel central do marketing e da publicidade; • Fluidez: laços sociais cada vez mais fragilizados; • Tecnicismo: a técnica como extensão do homem (McLuhan); • Cultura-mundo: a globalização, a cultura pop, o mau gosto (kitsch), o videoclipe, a internet comercial, as redes sociais; • Cidadão do mundo; • Liquidificação . DA MODERNIDADE À PÓS-MODERNIDADE
  11. • O longa-metragem propõe um diagnóstico da sociedade pós-moderna. Parte

    da metáfora da rosa estadunidense popularmente chamada de “american beauty“ naquele país, que é belíssima em sua aparência, que não tem espinhos, mas também não possui aroma algum. • Outra metáfora utilizada é a da sacola voadora, que, ao ser embalada pelo vento, representa o homem pós-moderno que não vai a lugar algum. • Na cena da sacola, o peso da tradição, que seria a ainda presente sociedade moderna, se conjuga com a leveza da sacola. Uma leveza que, a todo momento, é solicitada ao homem, que vive diante de um constante desencantamento da vida. • A narrativa retrata com vigor dimensões da crise da família burguesa vinculada a crise social do capitalismo. • A lenta agonia do homem pós-moderno se faz presente na integralidade do filme, uma vez que seu enredo central gira em torno da morte de Lester Burham. O protagonista nos ajuda a refletir sobre a miséria da alienação capitalista que corrói as relações humanas. • A vida de Lester é apresentada como monótona, pois odeia seu emprego, é infeliz em seu casamento, não consegue dialogar com sua filha adolescente e vê como ponto alto de seu dia a hora em que desfruta sozinho de um momento de intimidade no chuveiro. O PÓS-MODERNO EM BELEZA AMERICANA
  12. • Enquanto a filha de Lester apresenta fragilidade emocional, sua

    esposa Carolyn é extremamente materialista e insiste em manter as tradições para que aparentem viver em um "comercial de margarina“. Cabe lembrar que, no mundo pós-moderno, a aparência torna-se a forma de ser das relações sociais, onde, na verdade, todos estão imersos em vidas de aparências. • Na sociedade do fetiche permeada de múltiplas (e complexas) relações sociais, cada vez mais intensas, a imagem torna-se mercadoria e objeto de trabalho. A imagem constitui a sociabilidade, tornando-se objeto de trabalho para os profissionais que manipulam sonhos, desejos e fantasias (Publicidade). • Na sociedade do capital, o próprio corpo torna-se uma imagem a ser consumida. O culto do corpo torna-se expressão deste corpo como imagem na sociedade das mercadorias. É o que explica o desejo de Jane em aumentar os seios e a obsessão de Lester em recuperar a forma física para seduzir Ângela. • Na medida em que a imagem constitui a vida social, a vida social torna-se um simulacro, onde o que é significativo no trato humano é a forma de aparição social. Deste modo, as coisas se impõem aos homens. Em uma cena do filme, Carolyn rejeita deitar-se no sofá com Lester, pois, nas palavras de Carolyn, trata-se de um sofá que “custou quatro mil dólares”. O PÓS-MODERNO EM BELEZA AMERICANA
  13. • O serviço de fast food "Mr. Smile" representa a

    imagem da sociedade do capitalismo, onde todos devem parecer felizes, mesmo que não o sejam. A sociedade da hipocrisia é a sociedade do adoecimento humano, pois todos devem parecer felizes mesmo que estejam sob pressão do fetichismo da produção, sendo obrigados a cumprir metas e alcançar resultados caso queiram preservar emprego e salários condizentes com o padrão de vida para o consumo. Na sociedade pós-moderna, há cada vez menos espaço para expressar e falar de nossos sentimentos e emoções que são escondidos e reprimidos e acabam por produzir doenças físicas ou mentais. Até este espaço é capitalizado pelo capitalismo, sendo restrito aos consultórios de psicólogos e analistas. • A obsessão cotidiana de Carolyn em seu trabalho é vender uma mercadoria que ela não produziu. • O fetichismo social que caracteriza o capitalismo global tende a promover deformações na autopercepção pessoal. Vejamos o caso, por exemplo, de Jane e a (auto)imagem. O sonho dela é aumentar os seios, buscando possuir uma (auto)imagem de acordo com o padrão vigente de beleza da mulher na sociedade do capital. Na verdade, é sintoma de sua baixa autoestima e de uma insegurança típica da adolescência nas condições do capitalismo flexível. O PÓS-MODERNO EM BELEZA AMERICANA
  14. • Em “Beleza Americana”, o mundo social é um mundo

    de imagens. A sociedade capitalista está imersa num dilúvio de Imagens. Muitas delas sem significado referente com o passado ou com o presente. Expressam valores fetichiazados. • Outro personagem do filme que representa a fenomenologia do fetichismo da mercadoria é a Angela Hayes. A jovem é uma menina insegura que passa todo o tempo encenando comportamentos calculados para fugir da trivialidade. Esta imersa no mundo do fetichismo, incorporando as factualidades da mercadoria. Ela busca o sucesso a qualquer preço. Talvez Angela Hayes seja a representação adolescente de Carolyn, buscando o sucesso através da incorporação ativa dos valores-fetiches da ordem burguesa. • O único casal aparentemente feliz da vizinhança é o formado pelos gays Jim e Jim. Eles almejam construir um novo padrão de família, totalmente incapaz de servir como nexo sócio- reprodutivo e próprio de uma introversão (e particularismo) social disseminado. • Existe uma estética do fetichismo social no filme “Beleza Americana”. É através da câmera de vídeo que Rick expõe os fragmentos coisificados do mundo do capital. Ele busca, através da contemplação destes fragmentos à deriva, um sentido de vida. É o que ele considera a “beleza do mundo”: um pássaro morto, um mendigo morrendo de frio, um saco plástico ao vento. O PÓS-MODERNO EM BELEZA AMERICANA