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Linguagens Líquidas na Era da Mobilidade

Linguagens Líquidas na Era da Mobilidade

Andres Kalikoske

April 05, 2017
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  1. Premissa: Bauman e a Comunicação Os processos de liquidificação impactam

    decisivamente a vida moderna. Atuam de modo transversal às práticas midiáticas, transformando o modo como produzimos, distribuímos e consumimos conteúdos comunicacionais.
  2. Sociedade líquida A sociedade pós-moderna esse caracteriza especialmente por sua

    incapacidade de manter as formas: diferentemente dos sólidos, os líquidos se movem facilmente.
  3. Fluidez As relações sociais se transformam em relações de consumo

    cuja temporalidade se dá enquanto durar a satisfação.
  4. Condição líquida A liquidificação é um paradigma instaurado em todos

    os setores da vida social. Essa condição se amplia, buscando "alcançar o estatuto da ciência, da tecnologia e das artes, a significação da tecnocracia e o modo como os fluxos de informação e de conhecimento são controlados no mundo ocidental“ (SANTAELLA, p. 33).
  5. Transitoriedade da linguagem No ciberespaço, linguagens bem conhecidas são desmembradas

    - verbo, som e vídeo ganham novos contornos. "Todas as linguagens entram na dança das instabilidades. Texto, imagem e som já não são o que costumavam ser. Deslizam uns para os outros, sobrepõem-se, complementam-se, confraternizam-se, unem-se, separam- se e entrecruzam-se. Tornaram-se leves, perambulantes. Perderam a estabilidade que a força de gravidade dos suportes fixos lhe emprestavam. Viraram aparições, presenças fugidias que emergem e desaparecem ao toque delicado da pontinha do dedo em minúsculas teclas (SANTAELLA, p. 24).
  6. Desordem audiovisual “Eles fluem, escorrem, esvaem-se, respingam, transbordam, vazam, inundam,

    borrifam, pingam, são filtrados, destilados; diferentemente dos sólidos, não são facilmente contidos - contornam certos obstáculos, dissolvem outros e invadem ou inundam seu caminho (BAUMAN, 2001, p. 8).
  7. Comunicação digital Esse novo modelo de comunicação é transversal aos

    modos de vida. Atinge a todos. Segundo Santaella, “novos modos de telecomunicação têm produzido transmutações na estrutura da nossa concepção cotidiana do tempo, do espaço, dos modos de viver, aprender, agir, engajar-se, sentir, reviravoltas na nossa afetividade, sensualidade, nas crenças que acalentamos e nas emoções que nos assomam (SANTAELLA, p. 25).
  8. Características das mídias contemporâneas Inovativas Novas mídias são criadas, dispersas,

    adotadas adaptadas e absorvidas. Transformativas Experimentações estéticas e sociais, onde indivíduos muitas vezes antecipam-se às indústrias, propondo novos usos tecnológicos. Convergentes Cruzamento de múltiplos canais de mídia. Multimodais O mesmo conteúdo pode ser encontrado em diferentes materializações.
  9. Globais Interações entre pessoas em escala, fundamentadas pelo capitalismo. Em

    rede Plataformas interligadas, onde mensagens participativas e colaborativas fluem de um lugar a outro. Móveis Possibilidade de consumo midiático em mobilidade, a partir de dispositivos portáteis. Apropriativas Tecnologias que facilitam o arquivamento e a reapropriação de conteúdos.
  10. Participativas Consumidores passam a ser produtores de conteúdos e ativistas

    sociais nas redes. Colaborativas Buscando a solução de problemas, surgem novas estruturas de conhecimento e criatividade. Diversificadas O multiculturalismo se manifesta nas múltiplas produções de conteúdos globais. Geracionais Existem diferentes formas de usabilidade das mídias, considerando as necessidades, gostos e interesses culturais de seus consumidores.
  11. Cultura do resíduo É constante a recuperação de conteúdos que

    "podem ter perdido muito de seu valor econômico e de seu papel centram em termos culturais, mas ainda carregam um valor sentimental enorme para alguns entusiastas (JENKINS; GREEN; FORD, p. 119). O residual pode tanto ganhar alguma notoriedade cultural mais abrangente, ultrapassando a fronteira de suas comunidades de fãs originárias, quanto ter seu valor comercial reconsiderado pela ampla audiência, uma vez que "as pessoas estão interessadas em textos de mídia do passado, vasculhados através do aterro da história, e identificam artefatos que ainda têm valor monetário e capacidade de estimular o desejo" (JENKINS; GREEN; FORD, p. 131).
  12. Ganho simbólico o consumo adquire status de experiência que não

    se limita ao mero somatório de códigos, mas ao oferecimento de uma experiência nostálgica, ou seja, ao consumo de códigos previamente conhecidos e familiares (JOST, 2012, p. 25). No caso das séries, particularidades locais, regionais, nacionais que, vinculadas às nossas raízes nostálgicas, conquistam as atenções em um produto de raiz cultural homogênea.
  13. Participação e colaboração Participação sugere a inserção efetiva de atores

    sociais no processo produtivo, enquanto colaboração diz respeito ao cidadão que auxilia, como coadjuvante, oferecendo elementos para que o produtor de conteúdo desenvolva seu produto. Não se deve pensar estes dois processos isoladamente, já que a participação tem sido facilitada por diferentes ferramentas colaborativas.
  14. Propagabilidade Enfrentamentos entre mídias digitais de nicho e mídias tradicionais

    massivas, mas que não se contrapõem, uma vez que ambas compreenderam a necessidade da atuação sinérgica, visando o sucesso de seus produtos midiáticos. Antes hegemônica, a distribuição ora parece relativiza- se, sendo capaz de expandir "a capacidade das pessoas tanto de avaliar como de circular textos de mídia" (JENKINS; GREEN; FORD, 2015, p. 315).
  15. Nomadismo e mobilidade O fenômeno do nomadismo se manifesta quando

    há insatisfação e esperança, sendo mobilizado por um desejo de mudança, mentalidade cosmopolita, busca de uma nova identidade, comodismo gerado por não-lugares previamente reconhecíveis, O desenvolvimento tecnológico ao mesmo tempo facilita e precariza a empregabilidade, a exemplo dos profissionais liberais chamados de nômades digitais. As relações líquidas, não necessariamente presenciais, contrapõe a ideia de ocupação do espaço urbano.
  16. ANDRES KALIKOSKE [email protected] FACEBOOK.COM/KALIKOSKE Referências BAUMAN, Zygmund. Vida líquida. São

    Paulo: Zahar, 2001. JENKINS, Henry; GREEN, Joshua; FORD Sam. Cultura da conexão: criando valor e significado por meio da mídia propagável. São Paulo: Aleph, 2014. JOST, François. Do que as séries americanas são sintoma? Porto Alegre: Sulina, 2012. SANTAELLA, Lucia. Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2009.