comunicar-Se às nossas almas para ser sua beatitude. • O amor de Deus não é um amor passivo, mas um amor eficaz, necessariamente eficiente, porqu e sendo a causa primeira de tudo, nada pode receber. • “Sic Deus dilexit mundum ut Filium suum unigenitumdaret” (Joan. III,16). • “Sicut mandatumdedit mihi Pater” (Joan. XIV,31). • Para que fosse nossa justiça, redenção e santidade, deu-se a nós até o estado de hóstia e alimento: in finem. • Mas por que não se dá infalivelmente?
quem Deus não se comunica? • Obstáculosque impedem a ação da graça nas alm as: • O pecado, as raízes do pecado, as más tendências não combatidas... • amarras que prendem a alma a si mesma e ầs criaturas – divites spiritu; • O orgulho é radicalmenteopostoàs indicaçõesdivinas.
non cuncta visibilia et invisibilia creare, non in ipso mundo miracula facere, et mortuos suscitare… Discite a me quia mitis sum et humilis corde” (S. Agostinho, Sermo X). • Estes obstáculos são afastados pelas almas que re- nunciam a tudo (à criatura, a si mesmas) o que não seja Deus - “pauperes spiritu”. • “Hoc enim sentire in vobis quod et in Christo Iesu” (Ph II,5). • Estas esperam unicamente de Deus tudo quanto ne- cessitam: humilham-se, apoiando-se apenas em Deus – “Esurientes implevit bonis”.
É essencial à santidadede Deus tudo ordenar à Sua própriaglória; • Ele nos concede muitas graças: “Cum illo omnia nobis donabit” (Rom. VIII,32). • Mas uma só coisa Ele reserva para Si: • “Ego Dominus; gloriam meam alteri non dabo” (Is. XLII,8). • De outro modo, Deus não seria Deus, pois estaria subordinadoa outro fim que não Ele próprio. • “Deus superbit resistit” (I Petr. V,5; Iac. IV,6). • Se é coisa terrível para a criatura ser abandonada por Deus, então o que será para ela Deus opor-lhe resistência?
o orgulhoso tenta roubar a Deus, fazendo- a sua, a glória que só Deus merece e da qual tão cioso se mostra. • O orgulhoso eleva-se, faz-se centro; gloria-se da sua pessoa, da sua perfeição, das suas obras; • Vê em si mesmo o único princípiode tudo o que é: • Intentaprivar a Deus, em proveitopróprio, do atributodivino de ser o primeiro princípioe o último fim. • Em teoria, o orgulhoso pode até pensar que tudo vem de Deus; mas, na prática, age e vive como se tudo viesse de si próprio. • Deus não pode deixar de o repelir como injusto agressor: “Omnis qui se exaltathumiliabituret qui se humiliatexaltabitur” (Luc. XVIII,14).
ensina que há dois elementos no pecado: a conversãoa um bem efêmero (matéria) e a aversão de um bem eterno (razão formal): • A matéria da soberba é a boa fama; • Mas sua razão formal é a recusa à submissão a Deus. • “Todos os vícios nos afastam de Deus, mas só a soberba é a que se lhe opõe” (Boécio). • O que nos demais pecadosé acidentena soberba é a essência. • Por isso a soberba não é apenas um pecado capital, mas o primeiro de todos eles e o gravíssimo dos pecados.
atingir a santidadee a Deus do que a humildade. • A humildadeé uma virtude tão essencial que sem ela todas as outras desmoronam; • “Humilitas virtutes alias accipit, servat acceptas…, servatas consumma t” (São Bernardo de Claraval, De Consideratione, Lib. V, cap. XIV, 32); • "Implete hydrias": a alma humilde está apta a receber todos os dons de Deus, porque está vazia de si mesma;
Cega – perde o olhar sobrenatural: as coisas boas vêm de si; as más, do próximo; • Louca – cria para si uma realidade alternativa para justificarseus atos.
pela misericórdia divina, e a misericórdia divina move o Imóvel: • Abyssus – nossa miséria; • Abyssum - misericórdia divina; • Vocat - miséria reconhecida e confessada pela humildade. • Este grito é a humildade que a faz soltar: “Domine, ut videam!” (Luc. XVIII, 41).
nossa miséria e homenagem à plenitude divina; • “O nosso coração é um vaso destinado a receber a graça: para a poder conter em abundância, é mister que esteja vazio do amor próprio e da vanglória” (São Bernardo, In annuntiationeBMV, Sermo III, 9); • Nada mais eficaz, pois é grande a afinidadeentre a graça e a humildade; • Por outro lado,proclamamos implicitamenteo poder, a sabedoria, a santidade, a bondadede Deus; e isto é render homenagem à plenitude divina; e esta homenagem é tão agradável a Deus, que Ele se debruça sobre a alma humilde para a cumular de bens.
abaixar-te. Pensas contruir um edifício elevado que chegue até aos céus? Procura primeiramente lançar bem fundo os alicerces da humildade. Quanto maior pe o tamanho de um edifício que se quer e se dispõe a construir, e quanto mais alto for o edifício, tanto mais profundos devem ser os alicerces; Enquanto o edifício vai sendo construído, subindo rumo ao céu, mais profundamente aquele que escava assenta o alicerce. Logo, um edifício, antes de se elevar se humilha e a sua cobertura se levanta sobre a humilhação... Mas a que altura se vai erguer o edifício? Até a visão de Deus: Vede, pois, a que sublimidade se deve elevar o edifício, que fim sublime pretendemos atingir; mas não esqueçais que só pela humildade o conseguireis” Santo Agostinho,Sermo X, De Verbis Domini
a vida espiritual na humildade, com o fim de buscar a Deus. Toda a ascese de S. Bento se resume em tornar a alma humilde e levá- la depois a viver na obediência (expressão prática da humildade):esta será para ela o segredo de sua união com Deus: • “A humildade expulsa a soberba, a que Deus resiste, e nos torna submissos e sempre dispostos a receber o auxilio da graça” (II-II, CLXI, a. 5, ad 2). • O mesmo movimento de humildadeabaixa o hom em obedientee engrandece-o e exalta-oem Deus • Os progressos da alma em Deus são os progressos de Deus na alma • A escada da humildade, em sentido negativo, é a mesma escada da perfeição e da caridade, em sentido positivo.
inclina, por reverência para com Deus, a abaixar-nose a estimar o lugar que nos é devido • O que virmos de bem em nós devemos atribuira Deus; o que virmos de mal, porém, o devemos atribuir a nós mesmos, o pecado. • “Então o que é que te distingue? O que é que tu tens que não tenhas recebido? E, se o recebeste, porque te vanglorias como se não o tivesses recebido?” (I Cor. IV,7). • Se ofendemos mortalmente a Deus, uma vez que seja na vida, com toda justiça merecemos ser objeto de horror e ódio deste Deus que é a suma Majestade e Bondade. Assim, se não somos logo mortos e condenadosao inferno, mas muito pelo contrário, Deus nos concede novamenteo seu perdão, a sua graça e a sua amizade, então mais aindadevemos estes dons a Deus.
Deus é a principal razão e o motivo deste abaixamentode nós mesmos; • “Os santospermanecem no Temor de Deus, pelos séculos dos séculos”; • Devemos seguir esta mesma lei do aniquilamentode nós mesmos e do abismo da reverência. • A alma pode fazer incindir sua atençãosobre um dos termos da relação: se é Deus, então tende a adorá-lo; se é ela mesma, tende a humilhar-se
Para São Bento, a humildadeé uma virtude que reprime na criatura as tendências desregradas para o orgulho; • Mas, dado o seu parentesco com a virtude de religião , ela não será completasenão unidaao amor e à confiança que devem animar o coração dum filho; • Atitude habital da alma que regula as relações do monge com Deus, na verdade da sua dupla condição de criatura pecadora e de filho adotivo. • “Devemos não só reverenciar a Deus em si mesmo, mas ainda reverenciar em todo homem aquilo que é de Deus, posto que de maneira diferente. Por isso, devemos por humildade, submeter-nos aos nossos semelhantes por amor de Deus” (II-II, q. CLXI, a. 3, ad 1).
espíritos ao imaginar que é preciso negar dons naturaisou graças que Deus nos concede para ser humilde. • “Há certas pessoas que julgam fazer ato de humildade recusando reconhecer os dons que Deus lhes concede… Compreendemos bem isto, sim, compreendamo-lo bem (aliás é a pura verdade), Deus nos concede estes dons sem nós os termos merecido” (Santa Teresa). • “Omne donum perfectum desursum est, descendens a Patre luminum” (Jac. I,17). • “Quia respexit humilitatem ancillæ suæ... Quia fecit mihi magna qui potens est”.
• “Bonum aliquid in se cum viderit, Deo adplicet, non sibi” (Regra IV, 42). • Aqueles que buscam a Deus “temem ao Senhor (aqui está a raiz da humildade), não se ensoberbecempela sua exata observância, mas antes, convencidosque o bem que neles há não vem de si mesmos, mas do Senhor, glorificam-no por sua ação divina neles e dizem com o Profeta: ‘Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória’ (Ps. CXIII,9). ‘Operantemin se Dominum magnificant’, ‘é pela graça de Deus que sou o que sou - Gloria Dei sum id quod sum’ (I Cor. XV,10)” (Regra, Prólogo). • Forte não é aquele que ataca, mas aquele que resiste.
“É contrário à humildade aspirar a coisas demasiado elevadas, confiando apenas nas próprias forças; mas, se pusermos a nossa confiança em Deus e, desta maneira, abalançarmo-nos às coisas mais dificultosas, já esta ação deixa de ser contrária à humildade, mormente quando consideramos que tanto mais nos elevamos para Deus quanto mais profundamente a Ele nos submetemos pela humildade” (II-II, q. CLXI, a. 2, ad 2).
fruto da humildadeé tornar-nos de tal modo agradáveisa Deus, que a sua graça, não encontrandoobstáculo algum, abunda em nós e nos dá a certeza de estarmos unidos a Deus pelo amor: é o estado da caridadeperfeita; • “Subidos todos estes degraus da humildade, depressa atingiráo monge aquele perfeito amor de Deus que expulsa o temor” (Regra). • A humildadeé “uma disposição que facilitao livre acesso da alma aos bens espirituais e divinos” (II-II, q. CLXI, a. , ad 4). • Sem ela, é impossível existir o estado de caridadee uniãoperfeita com Deus, muito menos conservar-se.
da humildade é contribuir mais que qualque r outra virtude para preparar a alma para a efusão dos dons divinos que asseguram a perfeita união com Deus: • “Nihil excelsius via caritatis, et non in illa ambulant nisi humiles” (Sto. Agostinho, Canon vitae spiritualis, c. 7). • Deus quer a nossasantidade e a sua natureza leva-o a comunicar-se. • A única condição que põe é não encontrar obstáculos aos seus dons e à sua ação.
meio precioso de conhecer as perfeições de Deus. • "Em meu entender, nunca chegaremos a nos conhecer bem se não nossa esforçarmos porconhecer a Deus. Na contempla- ção da sua grandeza descobriremos a nossa baixeza; na con- templaçãoda sua pureza veremos nossa imundície" (Santa Teresa, Castelo Interior, I, c. 2).
o meio mais eficaz de nós curar das chagas da soberba. • "Et replebiteum Spiritus timoris Dominis" (Is. XI,2-3). • Este temor era a reverência, a adoraçãoda majestade divina. • Sua humanidadeera criada e, enquantocriatura, aniquilava- se diantede Deus numa reverência infinita.
Jesus não tinha poder algum a não ser no Verbo ao qual estava unida: dela própria não tirava um móvel da ação, mas da divindade esperava o impulso. Suas ações eram próprias dela (humanidade), visto a natureza humana de Jesus ser perfeita; mas não tinham valor, senão devido a união da humanidade com o Verbo. A humanidade rendia à divindade a glória de todas as suas ações, que eram admiravelmente santas. • O mesmo se deve dar conosco na atividade sobrenatural. Por nós mesmos nada podemos. Portanto, humilhemo-nos à vista das perfeições divinas e penetremo- nos de reverência. Depois, havemos de pôr toda nossa confiança na nossa união com Jesus Cristo pela fé e pela caridade" (Columba 359)
culto perfeito; • A soberba e a falsa humildadenão podem dar esse culto a Deus; • "Ego si exaltaturfuero a terra, omnia traham ad meipsum" (Joan. XII,32) • "Qui sedes ad dexteram Patris" • "Este incomparável triunfo é fruto de uma inco- mensurávelhumildade" (Columba 363).