noite chuvosa no morro do Vidigal, um deslizamento de terra ocorre por excesso de lixo jogado em uma encosta. A sala da casa da jovem Daiane é atingida e sua avó Julieta fica gravemente ferida. Na sala, havia também um item de enorme valor sentimental: um diário centenário de saberes, segredos, lendas e curas da avó, que Daiane começou a ilustrar para realizar o sonho dela de publicá-lo. O caderno desaparece no meio dos escombros e o sonho parece ir por água abaixo. Enquanto luta pela recuperação da avó, Daiane pede ajuda para os amigos, Carlos e Kaíka, para limpar o local e resgatar o diário. No meio dessa aventura, descobrem histórias incríveis sobre o passado daquele lugar, que sempre teve o meio ambiente como foco. O trio passa a enxergar o lixo como uma poderosa ferramenta de impacto social e se comprometem a transformar aquele espaço da tragédia em uma área de proteção ambiental, mas os desafios da adolescência e as armações dos rivais da 22 e de uma construtora influente podem atrapalhar os planos dos futuros ativistas. SINOPSE
e adolescência no Vidigal. Histórias que dão vida à memória dos autores do projeto e são atualizadas para o tempo presente. Um verdadeiro resgate de interações reais na vida dos jovens, na qual a tecnologia e o meio ambiente são polos de contraste dos arcos narrativos. A favela se apresenta como um espaço de interesse e transformação, se tornando uma personagem em meio a tantas aventuras. Apesar do crescimento urbano acelerado das últimas décadas, ainda é forte a presença da Mata Atlântica em conjunto com a belíssima formação rochosa conhecida como morro Dois Irmãos. Mas, apesar desta proximidade, a internet e uma falta de conscientização ambiental levou ao total afastamento de crianças e jovens da natureza. Utilizando como inspiração as ativistas ambientais Greta Thunberg e Isra Hirsi, surge a história de Daiane e seus amigos. O momento não poderia ser mais oportuno, pois a pandemia impactou profundamente todas as sociedades, que agora terão que repensar as formas de interação com o espaço que vivemos. Nas favelas do Brasil, não será diferente. E é aqui neste contexto, onde a vida é rica e resistente, porém frágil de estrutura e suporte, que nossos personagens vão trazer novos significados para o lixo e seus excessos. INTRODUÇÃO
também conhecido como Dois Irmãos, é uma formação rochosa que simboliza a forte metáfora de união entre as pessoas. Um morro que parece uma ilha, cercada de mar por todos os lados. A vista lá do alto mostra o Oceano Atlântico no horizonte, a parte da nobre orla da Zona Sul do Rio de Janeiro e, desenhando toda a encosta do morro, aparecem ladeiras, vielas, escadarias, becos e casas. Lugar com natureza riquíssima no passado, uma exuberante paisagem e água abundante, também já abrigou um rio que cruzava por dentro do morro até desaguar no mar. Inicialmente conhecido como uma vila de pescadores, com o passar dos anos, a floresta foi dando lugar a casas e prédios, a água foi represada e as inúmeras fontes naturais estão sendo mal utilizadas. Apesar do descaso com o meio ambiente, ações pontuais fazem a diferença. De 2003 a 2015, um grupo de moradores resolveu recuperar uma área do morro de 8.500 m2, que era um depósito informar de lixo, e criaram um parque ecológico chamado Parque Sitiê, que existe até hoje.
lúdico. Diante de um cenário comercial que muitas vezes não prioriza conteúdos infantojuvenil, o olhar e a perspectiva de jovens que moram nas favelas são quase inexistentes e, quando aparecem, estão carregados de estereótipos que não refletem a realidade da maioria que vive ali. Por isso, a nossa motivação está atrelada a oportunidade de contar histórias fantásticas e relevantes, que humanizem esses indivíduos dotados de personalidade e subjetividade, e mostre a importância da vivência plena deste período da vida. EM BUSCA DO ESPAÇO Infantojuvenil
sexta-feira, uma chuva torrencial provoca um grande deslizamento de terra que atinge em cheio a casa de Daiane. A sua avó Julieta é atingida enquanto assistia televisão na sala e acaba internada em estado grave. No meio da imensa montanha de lixo, há um diário, perdido. Um caderno que é a lembrança mais viva da infância de Daiane e vivia na mesa da sala. Ali, todos os ensinamentos ancestrais da sua avó, uma senhora que faz parte da história do morro, como professora, parteira e rezadeira. Há alguns meses, a jovem havia começado a criar ilustrações, desenhos e pinturas, de algumas passagens do diário para realizar o sonho da avó de publicar seus escritos. Neta e avó já recebiam ofertas de editoras, após Daiane receber um importante prêmio escolar, quando desenhou uma passagem do livro: o nascimento de sua mãe, que faleceu quando ela tinha sete anos. Mas, se os cadernos não forem achados, como poderá transformar esse sonho em realidade?
que digam que ela não pode fazer algo. É uma grande desenhista, começa a desenvolver ilustrações sobre o diário mágico da avó Julieta. Após quase perder a avó no desabamento, que será salva pelo tronco de uma árvore que ficará em cima do corpo dela, Daiane começa numa missão de retirar o entulho e o lixo em busca do caderno da avó e de desvendar os mistérios que permeiam os ensinamentos das outras gerações da sua família. Junto com ela estão seus dois melhores amigos: KAÍKA, seu amigo de infância, sempre disposto a ajudar, mas que fala as verdades quando ela precisa ouvir, e CARLOS, por quem sente uma atração, mas não fala nada por medo de perder a amizade e porque não sabe lidar com os sentimentos do primeiro amor. Para atrapalhar a missão, os rivais da turma da 22 que só arrumam confusão insistem em jogar lixo no mesmo local que eles estão limpando. DAIANE, 13 anos
faz tudo com calma, pensando sempre duas vezes antes de agir. Quer ser artista, mas ainda não sabe o que fazer. É gay, vive as descobertas da sexualidade, mas com grande dificuldade, porque foi criado pelo pai que é pastor. É o melhor amigo de Daiane, se conhecem desde criança. Sempre moraram próximo, até ele mudar de casa na mesma semana do desabamento, por isso se sente obrigado a ajudar na tarefa de limpar a rua que viveu toda vida. Costuma dar conselhos pra Daiane, que é muito teimosa, não escuta o amigo e acaba se metendo em confusão. KAÍKA, 13 anos Filho de mãe solteira, ajuda a cuidar do irmão mais novo, Pedrinho. Extrovertido, o garoto mais bonito da escola, os holofotes sempre estão nele, sonha em ser jogador de futebol. Atacante do time da escolinha de futebol da favela. Ele é apaixonado por Daiane e não sabe que ela sente o mesmo por ele. Sente muito ciúmes de Gil, porque ele sempre faz ela rir. Então, tenta compensar aceitando o desafio de ajudá-la na missão de limpar a área dos escombros. É muito estudioso e começa a procurar todas as referências sobre o meio ambiente para impressioná-la. CARLOS, 14 anos
toda a vida, realizou funções de curandeira, rezadeira, parteira e professora. Criou os três filhos sozinha. Imigrante do interior baiano, chegou ao Rio de Janeiro ainda jovem com seus filhos pequenos e foi morar no alto do Vidigal. DODÔ, 45 anos Tio de Daiana. Tem mania de Gepeto, professor pardal do Vidigal, faz um pouco de tudo para defender o pão de cada dia. Gosta de transformar aquilo que acham que está perdido, velho ou pronto para ir ao lixo em algo útil para o seu lar e de amigos. DALILA, 42 anos Tia de Daiana. Cozinheira de mão cheia, sonha um dia ser atriz famosa. Ganha a vida vendendo quitutes e cozinhando para fora. Toda ligada aos conhecimentos místicos e do tarô, vai ajudar a decifrar o diário da avó. PERSONAGENS HÉRCULES, 35 anos É um adulto que está dentro do espectro autista, muito sensível e frágil, mas com uma surpreendente força para o seu biotipo. Trabalha subindo e descendo o morro em busca de sucatas para vender no ferro velho.
Daiane. Faz balé em uma ONG da favela, tem muitas coisas em comum com Kaíka, é super extrovertida. GAU, 13 anos Apaixonado pelos livros. Escreve poemas. Amigo de todos, apazigua conflitos e aconselha com suas frases poéticas. DÃN, 13 anos Não frequenta a escola. Filho do Zé cachaça, vive na casa de um e de outro. Protegido da Vó Julieta. PEDRINHO, 9 anos Irmão mais novo de Carlos. Travesso, apaixonado por pipas. GIL, 14 anos Dançarino, metido a DJ e cantor, falante e eufórico, exagerado, ligado nos 220 volts. É o engraçado e está sempre tentando impressionar a Daiane. Provoca ciúmes no Carlos. Ele vai achar a kombi velha, simplesmente caindo dentro dela. PANTANAL, 35 anos Bebum nas horas vagas, muito amável. Amigo fiel de Dodô, e cantor de velhos sucessos de Roberto Carlos. Trabalha na oficia do velho Dak, velho ranziza e experiente mecânico. MARIA DO SOCORRO, 41 anos Melhor amiga da vó Julieta, foram professoras na mesma escola anos atrás, quando começava a carreira. É evangélica e sempre reza para as coisas darem certo. VELHO BODINHO, 60 anos Avô de Batatinha. Encrenqueiro com a vizinhança. Perdeu sua casa no deslizamento. Vive pela encosta procurando a velha caixa de madeira com a patota do 22.
do 22 está sempre pela rua de bobeira. É rival da turma de Daiane. PAULO CÉSAR (PC), 13 anos Filho do Zé da Biquinha, comerciante local, está sempre com as melhores roupas e brinquedos. Joga no time da escolinha de futebol da favela. Marrentinho, sempre arruma briga com Carlos. LOMBRIGA, 14 anos Melhor amigo do Batatinha. Craque nos esconderijos, sorrateiro e ligeiro quando precisa sair no pinote. Adora contar vantagens e inventar histórias. A TURMA DO 22 Uma grande construtora está negociando comprar a área, que vale muito pela vista para o mar. A ideia ampliar uma obra que eles já estão fazendo ao lado. Os pedreiros jogam os entulhos na área para atrapalhar os planos de Daiane e amigos, o que dificulta ainda mais a busca pelo diário secreto. A empreiteira
avó, após passar a noite cuidando dela. Abre os olhos, de repente, pois uma enfermeira a acorda avisando que os tios, com quem vai morar agora, acabaram de chegar para buscá-la. Ela está super agitada, pois acaba de sonhar que havia encontrado os cadernos da avó, e logo fica super triste ao ver que era apenas um sonho. Após o desabamento, os bombeiros junto com os moradores resgataram as pessoas que ficaram feridas, mas não voltaram para recolher o entulho das casas que ficaram uma por cima das outras. O que irá estimular com o passar dos dias a própria população local, vendo o lugar abandonado e com destroços, começar a jogar mais lixo do dia-a-dia ali mesmo. Daiane fica indignada ao saber que isso está acontecendo e decide assumir sozinha o papel de tirar o lixo da região, e com isso buscar o diário da avó. Os amigos Kaíka e Carlos a acompanham nessa missão.
a fala, mas elas conversam por telepatia. “Você achou meus cadernos? O nosso diário.” “Não, vovó, ainda não. Mas eu estou procurando.” “Pois não desista, você está perto.” Em todas as visitas, a avó sempre faz a mesma pergunta sobre o diário. “Tem muitos segredos ali, minha filha, você tem que encontrá-lo.” “Mas, vó, sempre achei que eram apenas histórias que você viveu e que a sua mãe te contava. Que segredos são esses?” “Eles estão escondidos, nos símbolos e nos contos. Por que você acha que sempre te incentivei a brincar de caça ao tesouro, eim? Sabia que este dia ia chegar.” A avó dá um sorrisinho bem leve e volta na voz em off: “Você tem que decifrar os enigmas do nosso passado e desvendar os segredos das ervas que guardei por décadas.” DECIFRA-ME
Kombi enterrada, abandonada. Eles a resgatam, mas está sem motor. Resolvem levar para consertar a Kombi com o velho ranzinza, mas experiente mecânico, o DAK, e seu ajudante bebum muito amável e cantor de velhos sucessos de Roberto Carlos, o PANTANAL. Os tios vão ajudar os mecânicos, pois possuem a fama de faz-tudo. Só que não podem fazer nada antes de descobrir de quem era aquela kombi. “Peraí, meninada, essa Kombi era de alguém.” “Mas estava no lixo.” “Não é assim que funciona. Querem arrumar encrenca?” Os amigos pegam o número do chassi da Kombi e levam no amigo “Nerd Lucas” para verificar a procedência do veículo, um adolescente que sabe hackear qualquer site e descobre tudo. Nerd Lucas descobre de quem a Kombi pertencia: Sr. Jaime Ivanildo. “Caramba, a Kombi do Seu Ivanildo”, que ele achava que tinha sido roubada, e é uma das lendas do Vidigal. Descobrem que há muito tempo, o filho inconsequente roubou escondido uma noite para sair com os amigos e andando velozmente pelo morro caem na floresta, e dá perda total. Ele diz ao pai que foi roubada e nunca encontrada. Então a Kombi é do morro, não é de fora. O filho rebelde, após contar a verdade, aceita participar da reforma, pois pode ser o futuro motorista para que o trio use a Kombi como fonte de renda. Antes disso, precisam conseguir dinheiro para as peças e para pagar os mecânicos, e começam a recolher ferro velho, até terem a ideia de fazer uma vaquinha online.
o meio ambiente local vão se transformando no universo desses jovens, o que provoca diversas fantasias e traz grandes descobertas sobre o futuro. A partir dessas reflexões e percebendo o quanto realmente podem impactar na comunidade, Daiane e seus amigos se assumem verdadeiros ativistas ambientas e começam a ser reconhecidos tanto pela mídia quanto por outros jovens que antes não acreditavam que aquela ideia ia pra frente. Nesse momento, começa uma aventura muito mais complexa, em que eles terão que lidar com a exposição e com os perigos de lutar contra as forças do Estado, para que hajam mudanças efetivas na favela.
série terá 12 episódios de 30 minutos cada. FORMATO EPISÓDIOS DE 30 MINUTOS TEMÁTICAS PRESERVAÇÃO A história é uma adaptação do curta-metragem homônimo chamado PICOLÉ, PINTINHO E PIPA (2006). Com temas e contextos atualizados para os dias de hoje e com personagens típicos da região, destaca-se a esperança, o amor entre amigos e o ato da preservação, não só ambiental, mas de quem está próximo a nós. Os roteiros mostram a relação da criança com a natureza, a flora e fauna que ainda existem no universo do morro; a relação dos jovens com a família; a descoberta da sexualidade e os ritos de passagens deste momento de transição da infância para a vida adulta.
preocupação de toda a sociedade. No contexto global, o tema ganha cada vez mais força e vários países já se comprometeram a zerar emissões de carbono nos próximos anos. Recentemente, a China, que é um dos maiores responsáveis pelas emissões, firmou o compromisso. Infelizmente, o Brasil não tem meta para zerar as emissões. Por isso, PRECISAMOS AGIR. Conscientizar os jovens que nós somos a natureza, ou seja, se destruirmos o meio ambiente, estamos destruindo a nós mesmos. Tratar o assunto de maneira direta é necessário, provocar reflexões é urgente.
possibilidade de ser e estar para os negros na sociedade. Temos como meta a transformação do mundo que vivemos, e escolhemos o audiovisual para fazer esta revolução. Acreditamos plenamente no poder da educação e da conscientização, por isso o importância da nossa série "Picolé, Pintinho e Pipa". Falar sobre meio ambiente e sustentabilidade é fundamental, principalmente com aqueles que sempre são deixados à margem. Queremos contar história que adoraríamos ter assistido quando éramos jovens, queremos potencializar a voz de quem já tem muito a dizer: os jovens. Novos Imaginários
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